Através de Iberê | Mônica Zielinsky

09.out.18

O projeto Através de Iberê tem como ponto de partida o convite a um curador/crítico/artista/amigo de Iberê Camargo para que eleja uma obra do acervo da Fundação e a explore discursiva ou performaticamente diante do público.

Durante a fala do convidado, a obra ficará exposta no auditório e, mais do que uma análise histórica, serão propostas questões envolvendo a vida e a obra do artista, em uma abordagem livre e exploratória nos mais diversos sentidos plásticos, narrativos ou mesmo históricos.

No sábado 13/10, às 15h, a convidada da primeira edição é a pesquisadora Mônica Zielinsky, que abordará o tema Iberê Camargo. Das sombras da memória, as recusas ao esquecimento.

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MÔNICA ZIELINSKY
Graduada em Artes Plásticas, Pintura, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1971), Mestre em Educação, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – Ensino, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983) e Doutora em Arte e Ciências da Arte, Terminalidade Estética, na Université de Paris 1- Panthéon-Sorbonne (1998). É professora titular no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e integra o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais na mesma universidade, na área de História, Teoria e Crítica da Arte.

Foi coordenadora da pesquisa do projeto de catalogação da obra completa de Iberê Camargo, em um convênio entre a UFRGS e a Fundação Iberê Camargo, assim como do Centro de Documentação e Pesquisa do PPGAV – UFRGS. Foi consultora no International Center for the Arts of the Americas at the Museum of Fine Arts (Houston-Texas) e integrou o Comitê Internacional dos Museus (ICOM). Integra o Comitê Brasileiro de História da Arte, a Associação Brasileira e Internacional dos Críticos de Arte e a Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas.

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Iberê Camargo. Das sombras da memória, as recusas ao esquecimento

Iberê Camargo, um artista que ilumina através dos tempos o cenário da pintura brasileira, nela confiou como um modo particular de conhecer e de se relacionar com o mundo e de, por ela, extravasar sua resistência e mesmo seu terror ao esquecimento.

Esses sentimentos eclodem no trabalho de Iberê por diferentes recursos pictóricos ou de concepção artística, possivelmente motivados por dois veios principais – ora por sua melancólica e mais profunda consciência da finitude humana, como também por aquela que denunciava, com frequência, a falta de uma consciência histórica, a falta de vontade de lembrar, o marasmo cultural ao qual referia com frequente revolta. Era sobre a amnésia, a apatia ou mesmo o embotamento que cercavam, a partir de seu ponto de vista acidamente crítico, a vida artística e o meio cultural de suas origens no Rio Grande do Sul.

Diante das progressivas transformações da sensibilidade e percepção humanas em relação aos novos fluxos de espaços e tempos experienciados na vida contemporânea, os debates sobre os esquecimentos e apagamentos da memória crescem com visível ênfase, tanto em escala local, como global. Sob este ângulo, observar os modos pelos quais Iberê Camargo recusou o esquecimento em suas obras, poderia quem sabe nos levar, em uma perspectiva anacrônica, a revisar sua criação, a partir das sombras de sua memória.