Giorgio Morandi no Brasil
Curadoria
Alessia Masi e Lorenza Selleri
30.nov
24.fev.13
A mostra dedicada a Giorgio Morandi, um dos indiscutíveis protagonistas da pintura italiana do século XX, considerado um dos maiores gravuristas italianos de seu tempo, apresenta uma seleção acurada de óleos e de gravuras que permite repercorrer os principais momentos de sua trajetória artística. O objetivo é oferecer uma chave de leitura da obra do mestre bolonhês para melhor decifrar sua linguagem e compreender as razões de sua fama internacional a partir da II e da IV Bienal de São Paulo (respectivamente em 1953 e 1957), nas quais o valor de sua arte foi reconhecido e consagrado com o Primeiro Prêmio para a gravura e a pintura.
Cada sala propõe uma variedade de pinturas que ressaltam a coerência pictórica com que Morandi enfrenta diversos temas: naturezas mortas, flores, conchas e paisagens. Esses motivos, prediletos do autor, sucedem-se segundo uma métrica composta de remissões formais e lentas variações tonais, as quais obedecem às regras férreas daquele rigor moral que Morandi traduz com fidelidade em sua linguagem de pintor e gravurista. Seguindo um andamento cronológico, a montagem da mostra permite acompanhar as várias fases de seu percurso criativo, lançando luz sobre aspectos fundamentais e característicos de sua pesquisa: o estudo constante da relação entre forma e espaço, o valor arquitetônico dos objetos, a alternância rítmica de cheios e de vazios, a síntese geométrica das representações, a importância da luz como autêntica protagonista de sua pintura. Uma sala inteira é dedicada à exposição de 15 águas-fortes escolhidas entre as que foram apresentadas na Bienal de São Paulo de 1953, testemunhando a importância que o exercício gráfico tinha para o mestre bolonhês, desenvolvido paralelamente à sua pintura, mas sempre com a mais total autonomia do gênero.
Ao final do percurso expositivo, é possível visitar o ateliê de Morandi, reconstituído especialmente para esta ocasião, a partir dos painéis fotográficos de seu estúdio realizados pelo grande fotógrafo italiano Luigi Ghirri, logo após a morte do artista.
Outro momento para aprofundar em sua obra é propiciado pela projeção, em uma das salas da mostra, do filme La polvere di Morandi, um documentário do diretor Mario Chemello sobre a vida e a poética do artista bolonhês, produzido pela Imago Orbis em colaboração com o Museu Morandi e com o apoio da Comissão de Cinema da Emilia Romagna.
Alessia Masi e Lorenza Selleri
Imagem: Vista parcial da exposição “Giorgio Morandi no Brasil”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 30 de novembro de 2012 a 24 de fevereiro de 2013. Foto © Carlos Stein_VivaFoto