Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros

Curadoria

Francisco Dalcol e Gustavo Possamai

27.jul

24.nov.24

Esta exposição foi concebida por ocasião dos 70 anos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), fundado em 27 de julho de 1954. Ela aborda a longeva relação entre Iberê Camargo (1914-1994) e o Museu, destacando também a parceria entre ambas as instituições.

Iberê participa da exposição de estreia do MARGS, em 1955, ocasião em que teve obras suas adquiridas para o acervo do Museu. Nas décadas seguintes, ele ganharia mostras individuais, um livro monográfico, participaria de inúmeras exposições coletivas e ministraria cursos. Teria também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferência e doação, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no MARGS que ocorreu sua despedida, com o velório público, que teve lugar nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu.

Vem desse longevo e profundo histórico de relação o título desta exposição, inspirado em um dos mais importantes eventos no MARGS relacionados ao artista: a mostra Iberê Camargo: trajetória e encontros. Realizada em cooperação com a Funarte em 1985, cumpriria itinerância pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Galeria do Teatro Nacional de Brasília, celebrando Iberê como o maior pintor vivo do Brasil. Ela se deu no lastro das comemorações de seus 70 anos, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio MARGS em 1984 e o lançamento do livro Iberê Camargo em 1985, considerado, ainda hoje, uma das mais completas publicações de referência sobre o artista.

Entre a preparação desta exposição e sua abertura, o Rio Grande do Sul foi vítima do maior desastre natural de sua história. Uma tragédia resultante da devastação de grande parte do Estado, cuja enchente em Porto Alegre atingiu o andar térreo do MARGS, momentos antes do resgate e salvamento de obras do seu acervo, entre as quais as de Iberê aqui apresentadas.

Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros parte exatamente deste conjunto de obras, composto por seis pinturas e um guache, recentemente incorporado ao acervo. Essas obras são apresentadas em diálogo com outras pertencentes à Fundação Iberê – a maioria delas exibidas pela primeira vez –, juntamente com fotografias do artista, de modo a oferecer um percurso em segmentos, identificados conforme os textos que as acompanham.

Além de trazer novos sentidos a esta exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê, ligado à urgência de uma “consciência ecológica”. É pelo olhar dele que podemos renovar o apelo, em nome das instituições de memória e enquanto sociedade, a um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente.

 

Francisco Dalcol
Gustavo Possamai
Curadores

 

Imagem: Iberê Camargo. Carretéis em fundo azul, 1960. Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS. Aquisição por compra, 1960. Foto © Fábio Del Re & Carlos Stein_VivaFoto

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