MAGLIANI
Curadoria
Denise Mattar e Gustavo Possamai
19.mar
31.jul.22
“Eu não nasci para enfeitar o mundo, eu pinto porque a vida dói.” A frase de Iberê Camargo poderia ter sido escrita por Maria Lídia Magliani, cuja obra conflui em muitos aspectos com a do mestre. Nascida em Pelotas, em 1946, Magliani era mulher, negra e pobre, e, embora essa conjunção tenha freado muitas vezes sua produção, foi também o cadinho de sua obra, que é visceral, dolorida e pungente – “uma arte para incomodar”.
Na década de 1980 , circulando entre São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre, Maria Lídia Magliani era considerada uma das mais importantes artistas brasileiras. Apesar do sucesso junto à crítica, seu trabalho, que nunca serviu para enfeitar paredes, jamais alcançou a monetização que lhe era devida, levando a artista a se retirar para Tiradentes, Minas Gerais. Foi o início de um processo de apagamento do qual Magliani não se recuperou até seu falecimento em 2012.
Com emoção, empreendemos o resgate da artista, que revelou-se um enorme desafio, pela quantidade e qualidade de pinturas, desenhos, ilustrações, atuação em teatro, figurinos, cenários, textos, entrevistas e cartas. Assim, cientes da impossibilidade de processar todo esse material a tempo de conceber uma leitura inovadora, optamos por realizar uma mostra retrospectiva, que apresenta em ordem cronológica, de 1964 a 2012, as diversas fases do trabalho de Magliani, acompanhada de uma cronologia ilustrada. Para compartilhar com o público a instigante personalidade da artista e sua multiplicidade, que tanto nos impressionou, também permeamos o percurso da mostra com algumas de suas frases e fotos.
Certos de que a exposição surpreenderá o público e a crítica, temos a consciência de que essa mostra é só o princípio – a ponta de um longo fio que merece ser puxado.
Denise Mattar
Gustavo Possamai
Curadores
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Seminário sobre Magliani e sua obra | primeiro encontro
Dia 19/03/2022, na Fundação Iberê
Seminário sobre Magliani e sua obra | segundo encontro
Dia 21/03/2022, no Instituto Ling
Imagem: Maria Lídia Magliani. A namorada vai chorar, 1986. Col. MAM São Paulo, doação São Marcos S.A. Indústria Química, 1989