Homem de bicicleta, 1989
óleo sobre tela
42 x 30 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo P180
Foto © Fundação Iberê
“O segundo que passou é tão passado como o início do mundo, se é que tem início de mundo. Está congelado. O passado serve como referência, mas não posso melhorá-lo. Isto é terrível porque não posso resgatá-lo. É intocável. Entrou no infinito. Essas coisas chegam até nossa consciência como a luz nas estrelas que não existem mais. Tudo que nós fazemos é para reter o tempo, para dominá-lo. O homem quer dominar o tempo, mas somos sempre
consumidos pelo tempo. […]
Sou um andante. Carrego comigo o fardo do meu passado. Minha bagagem são os meus sonhos. Como meus ciclistas, cruzo desertos e busco horizontes que recuam e se apagam nas brumas da incerteza. Realidade e miragem se confundem. Os quadros que pinto são visões que breve serão os fósseis semeados à margem de meu rastro.”
LAGNADO, Lisette. Conversações com Iberê Camargo. São Paulo: Iluminuras, 1994. p. 35-54. (Fala de Iberê Camargo).