Manequim, 1986
óleo sobre madeira
42 x 30 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo P201
Foto © Fundação Iberê
“Não deixa de ser instigante que um artista tão pouco indulgente com a cultura de massa como Iberê tenha se interessado pelos manequins expostos nas vitrines, ao ponto de torná-los um dos motivos centrais de sua última produção. […] Nos manequins de Iberê não há, parece-me, nem a busca de uma essência metafísica (ainda que, no caso de De Chirico, essa essência seja uma ausência), nem a construção de um objeto de desejo. Reduzidos ao plástico nu ou enfeitados de uma maneira que não deixa de ser grotesca, esses seres que simulam a vida são companheiros naturais das mulheres sentadas, das idiotas, dos ciclistas, com que compartilham o espaço de tantas telas e gravuras. O que os une é uma disponibilidade inerte para o mundo, sem mais sentido, sem mais desejo: são junkbodies, corpo-lixo. […]”
MAMMÍ, Lorenzo. Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo]. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2014. p. 14-15.
“Nessas séries as figuras são tratadas de modo sintético, com ênfase na linearidade de um modelado feito à tinta, espesso e marcante, um desenho que se sobrepõe a um fundo quase chapado. O efeito de intensidade é potencializado pela aparência de máscaras trágicas, nas quais os corpos atormentados e convulsionados são completados por olhos esvaziados, ocos e negros, sem retinas e, portanto, inertes.”
GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 98.