Figura II, 1973
água-tinta (processo do açúcar) e lavis
49,7 x 29,6 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo G136-1

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Retornando ao país, o artista desenvolve diversas gravuras verticais, com características de sinuosidade e contornos espontâneos. Os carretéis abandonam a explosão e alçam a ascensão. Esta, acompanhando o que ocorre em sua pintura, projeta-se nas manchas, do limite inferior para cima, tangenciando suas bordas. Grandiosas e amplas, essas gravuras privilegiam o movimento sinuoso e a predominância gráfica. A densidade de matéria é substituída pela estrutura vigorosa dessas gravuras.
Os meticulosos grafismos, nascidos na água-forte, entrelaçam-se à maestria com que o artista trabalha a água-tinta, em especial no emprego do processo do açúcar e do lavis, como em Figura III. Nessa gravura os carretéis articulam diferentes conformações, mas evocam a mesa onde um dia repousaram. A expansão dessas obras não se retrai com isso. Ao contrário, todas as gravuras tornam-se mais límpidas, ao mesmo tempo carregadas de espontaneidade, sem perderem, em nenhum momento, as fortes conexões com a obra gravada anterior e, em diferentes aspectos, com a futura que se desenha.
A grandeza das obras, tão almejada pelo artista em quaisquer tempos, permanece e torna-se um marco. Mesmo que suas gravuras, em extensão, suspendam nesse momento um ciclo e entreabram outro.”

ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 99.

 

“As séries de gravuras Vórtices e Figuras foram desenvolvidas no início da década de 1970 e apresentam essa dualidade entre formas puramente geométricas, oriundas dos carretéis, e formas orgânicas de configuração humana. Ambas apresentam as mesmas características formais: são construções verticais e hieráticas e apresentam, sem exceção, uma segmentação que indica uma organização em tudo similar a do corpo humano. Se não são figuras humanas ou suas simplificações, aparentam irresistivelmente as formas orgânicas humanoides do catalão Joan Miró(1893–1983) ou do escultor e gravador inglês Henry Moore (1898–1986).”

GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 90.