Mulher sentada 9, 1991
água-forte e água-tinta (lavis e processo do guache)
17,3 x 13 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo G172-1
Foto © Rômulo Fialdini
“Sem monstros e sem deuses, a arte não poderia representar nossos dramas, afirma ainda Rothko. Com essas palavras, ele lembra que a identidade familiar das coisas deve ser pulverizada para destruir as associações limitadas. Essa atitude artística sempre foi preocupação fundamental para Iberê em sua produção. Nela reside a grande inventividade da obra do artista, pois suas últimas produções, Ciclistas, Idiotas e Manequins, ganham características específicas: os rostos e a concepção de figura adquirem conformações de impessoalidade. Esses personagens ocultam-se silenciosos entre máscaras, quase caricaturas, de dentro das quais emerge toda sua solidão e incomunicabilidade. Seus corpos restringem-se a poucas linhas, sempre audaciosas. São corpos que, entre as incisões marcadas na água-forte ou no emprego da água-tinta, lembram que a referência física passa a ter pouco valor. A amplitude que provém da essência dos seres e seu real afastamento do mundo das coisas importa agora mais que tudo, o que faz da obra de Iberê desse tempo a sua grande síntese.”
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 111.