Alberto da Veiga Guignard e seus alunos. O mestre ao centro e Iberê ao fundo, Rio de Janeiro, 1942.

Acervo Documental Fundação Iberê Camargo

Tombo F1426

“Ele é um moderno descendente dos primitivos italianos. Deles – creio – herdou o amor ao grafismo e ao modelado suave, apenas o suficiente para sugerir plasticidade à forma. Sua pintura é luminosa, a linha incisiva. No desenho, segue com amor o contorno das coisas que vê e delas se apossa. Com emoção, recria as árvores, as palmeiras, as plantas, as vitórias-régias do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, nas suas aulas ao ar livre. Com lápis duro – que era de sua preferência – fixava-lhes a imagem no seu grafismo pessoal e inconfundível. Percorria as alamedas à procura de motivos. Nós, os alunos, lhe seguíamos os passos e aproveitávamos a lição.
Artesão exigente, preparou suas telas, seus vernizes e seus instrumentos de trabalho, como faziam outrora os velhos mestres.
Desdenhava as teorias. Sua bússola era a intuição, essa estrela que norteia o artista. Eu o entendia por um simples gesto ou pela expressão da face. A linguagem dos pintores é muda, uma mímica especial.
Guignard foi meu guia e meu amigo. Como mestre, um exemplo.
Certa vez, o crítico Flávio de Aquino lhe perguntou: – Guignard, como você sabe que acabou o quadro?
– Quando ele faz ‘timm’, foi a resposta.
E todos os pintores entenderam…”
CAMARGO, Iberê; MASSI, Augusto (org.). Gaveta dos guardados: Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2009. p. 98-99.

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