Autorretrato, 1993
nanquim sobre papel
31 x 23 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo D0004
Foto © Fabio Del Re VivaFoto
“[…] A observação, mesmo que superficial, não impede de constatar a intensidade do olhar do artista em seus autorretratos. É como se ele afirmasse que ao fazer o próprio retrato ele estaria registrando não somente sua aparência física, mas a essência do seu eu, a sua identidade pessoal.
[…] Esse desenho tem características especiais: é importante destacar o gesto construtor nesse trabalho tardio (1994). O gesto é obra dos membros superiores, dedicados à manipulação do mundo, enquanto que aos membros inferiores é dada a função de percorrer esse mesmo mundo. O homem utiliza as mãos para entrar em relação com seu meio e o modificar, adequando-o ao seu desejo de mundo. Esse desenho tem o gesto como princípio, uma atividade manual ao mesmo tempo livre, que exprime a interioridade do desenhista, e educada, de forma que possa imitar o real, resultado logrado pela composição em meada, um traço praticamente único que configura toda a imagem sem tirar a pena embebida em nanquim da superfície do papel.”
GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 14