Autorretrato, 1994
nanquim sobre papel
31 x 23 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D0025

Foto © Fabio Del Re VivaFoto

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“Como modelo me transmuto em forma. Sou, então, pintura. Ao me retratar, gravo minha imagem no vão desejo de permanecer, de fugir ao tempo que apaga os rastros. O autorretrato é uma introspecção, um olhar sobre si mesmo. É ainda interrogação, cuja resposta é também pergunta. Essa imagem que o pintor colhe na face do espelho, ou na superfície tranquila da água, – penso no Narciso de Caravaggio – revela como ele se vê e como olha o mundo. […]
O autorretrato é ainda o encontro do pintor consigo mesmo. […] Não tenho presente quantos autorretratos pintei. Se retratar-se revela narcisismo, todos os pintores o são. Na sucessão de minha imagem no tempo, ela se deteriora como tudo que é vivo e flui. […]”

LAGNADO, Lisette. Conversações com Iberê Camargo. São Paulo: Iluminuras, 1994. p. 31-32. (Fala de Iberê Camargo).