Estudo para a pintura Mesa azul com carretéis, 1959
caneta tinteiro sobre papel
21,2 x 8,5 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D0996

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Os primeiros carretéis, como em Mesa azul com carretéis, de 1959, aparecem ainda como naturezas-mortas, ou como retratos. Apresentados frontalmente, sobre a mesa que ocupa dois terços da tela, posam como modelos e deixam-se estar, imóveis, como fragmentos do mundo. Nem propriamente signos figurativos, nem signos abstratos, são no entanto figuras que se situam num espaço de superfície: uma mesa plana sobre um fundo plano. Esse lugar, embora escapando ao espaço ilusoriamente tridimensional da representação perspética, continua a conter as figuras.”

CATTANI, Icleia Borsa; SALZSTEIN, Sônia (org.). Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 85.

 

“Esses três estudos [tombos D0326, D0999 e D0996] originalmente em uma única folha, apresentam sucessivamente um estudo de volume, um estudo de luz e sombra e um estudo de estrutura. Neles observamos como a forma da mesa se anula progressivamente, prescindindo da perspectiva em prol da frontalidade absoluta, e as formas dos carretéis empilhados e ordenados transformam-se em elementos compositivos, abrindo mão de sua individualidade. A relação entre os objetos – mesa e carretéis – simplifica-se de modo substancial, e eles, os objetos, ganham força e expressividade.
Ao analisar o conjunto, desde a série dedicada à representação da mesa no interior até esses estudos para a Mesa azul com carretéis (1959), observamos que a pesquisa formal se dá de modo crescente em busca da simplicidade e da economia. Conforme disse o próprio artista: A minha composição sempre foi regida por uma organização geométrica, sempre havia pontos de referências, umas linhas de força, nunca chegou a uma certa coisa anárquica. Acho que pintor gestual mesmo é aquele que lança, e saia o que saia da primeira vez ela não toca mais, porque parte do princípio de que as coisas não se repetem. Eu não.”

GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 36.