O impactante trabalho de Maxwell Alexandre produzido na prensa alemã de Iberê Camargo
Depois de inaugurar, no início de dezembro, a exposição Pardo é Papel: Close a door to open a window, na sede da Galeria David Zwirner, em Londres, o artista carioca Maxwell Alexandre retornou a Porto Alegre, esta semana, para finalizar a gravura produzida na prensa que pertenceu a Iberê Camargo, sob a supervisão do assistente do pintor gaúcho e coordenador do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê, Eduardo Haesbaert.
A obra (1,20cm x 80cm) é linda e, ao mesmo tempo, impactante: uma corrente de ouro e um revólver como pingente. Aos 30 anos, Maxwell retrata uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.
Talvez a obra integre “Reprovados”, uma série que trata de questões mais ácidas da vivência preta, como o conflito da comunidade com a polícia, a dizimação, o encarceramento da população negra e a falência do sistema público de educação. O uniforme escolar da rede pública municipal do Rio de Janeiro é o motivo principal da série. Talvez não. Maxwell também vê na gravura uma atmosfera religiosa, que tem escolhas formais, como a luz dourada e o processo de fotografia. “Penso que o artista falar sobre seu trabalho tira a potência da obra, por isso eu gosto de saber o que as pessoas veem”, disse Maxwell aos jornalistas, quando perguntados por ele sobre a gravura.
O legado de Iberê – Durante os últimos anos de sua vida, em 1994, Iberê Camargo manteve em sua residência um ateliê de gravura com uma prensa alemã, onde criava obras na técnica de gravura em metal.
Em 1999, a Fundação Iberê incluiu oficinas de gravura em sua programação, ministradas por Anna Letycia, Evandro Carlos Jardim, Claudio Mubarac e Carlos Martins. Neste período, foi proposto aos dois últimos artistas que deixassem uma matriz para a instituição, dando início à coleção Ateliê de Gravura da Fundação Iberê. Dois anos depois, foi criado Programa Artista Convidado: uma ação que convida artistas de projeção nacional e internacional, não necessariamente habituados à técnica da gravura, para debruçarem-se sobre ela durante uma semana, com o objetivo de criar obras inéditas.
Desde então, o Ateliê já recebeu mais de 100 convidados, dentre eles: Álvaro Siza, Carlos Vergara, Carmela Gross, Daniel Senise, Iole de Freitas, José Bechara, Nuno Ramos, Regina Silveira, Tomie Ohtake, Waltercio Calda e Xadalu.
Pardo é papel – Maxwell Alexandre | 3º andar
Curadoria: Maxwell Alexandre
Visitação: até 14 de fevereiro
A exposição do jovem artista carioca Maxwell Alexandre foi inaugurada com sucesso em novembro de 2019, no MAR (Rio de Janeiro), onde alcançou o feito de receber mais de 60 mil visitantes. Aos 29 anos, Maxwell retrata em sua obra uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, ele apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França. Resultado de uma residência na Delfina Foundation, promovida pelo Instituto Inclusartiz, em Londres, a mostra tem patrocínio do Grupo PetraGold.
Visitação: de sexta a domingo, das 14h às 19h (último acesso às 18h)
Agendamento pelo Sympla
- Visita mediada individual: R$ 20,00
- Visita mediada dupla: R$ 30,00
- Visita mediada em dupla + catálogo: R$ 40,00
- Visita mediada em dupla + catálogo + estacionamento: R$ 70,00