Turma da Educação Infantil da EMEF Vinte de Setembro, de Viamão, é premiada no concurso Professores Inovadores com tapeçarias inspiradas na exposição Iberê Camargo – O Fio de Ariadne
No último dia 15 de outubro, a Prefeitura Municipal de Viamão premiou os vencedores do Professores Inovadores 2021. A turma do Turma do Jardim II da EMEF Vinte de Setembro ficou em segundo lugar no concurso, que trabalhou o tema Iberê Camargo – O Fio de Ariadne. Sob a coordenação da professora Luciana Teixeira Rodrigues, vinte e cinco alunos realizaram tapeçarias com um tear feito de papelão e fios de lãs, inspiradas na exposição realizada na Fundação Iberê, em setembro de 2020.
“Nossa vitória se deve a um grupo de alunos, de cinco anos, ao desenvolver a técnica da tapeçaria, uma arte milenar que trabalha a motricidade fina, tão necessária na Educação Infantil para o próximo nível de escolarização, que é o Primeiro Ano. Muitas vezes, elas chegam aos anos iniciais do Ensino Fundamental sem saber segurar um lápis. A atividade foi realizada durante a pandemia, pensando no tema Arte Brasileira que Inspira. O artista escolhido foi Iberê Camargo. Pensamos em fazer algo com pintura, mas quando nos deparamos com o vídeo da exposição “O Fio de Ariadne” nas redes sociais, resolvemos ir por um caminho diferente, como fez Iberê em um momento de sua vida”, recorda a professora Luciana.
A escola disponibilizou todo material aos alunos, porém alguns pais utilizaram o que tinham em casa, como fitilhos (fita plástica). Uma mãe montou o tear no papelão e participou do processo de criação com a filha. Outra mãe desmanchou um blusão de lã, já sem uso e cheio de bolinhas, para fazer a tapeçaria. “Foi um trabalho de desenvolvimento da criança que envolveu tanto a família como a comunidade escolar em um momento difícil para todos, que foi o isolamento social”, destaca Luciana.
“O trabalho da professora Luciana é maravilhoso, pois, além de ampliar o repertório cultural das crianças, conhecendo parte da obra do artista Iberê Camargo, traz esse conhecimento para perto das experiências cotidianas, envolvendo suas famílias. Concretiza a ideia da arte na vida, apura o olhar estético e cria uma rede de afeto, família e escola”, diz Lêda Fonseca, consultora pedagógica da Fundação Iberê.
Igualmente, a mestra em História, Teoria e Crítica de Arte e produtora cultural, Carolina Grippa, o contato com a arte é necessário para estímulo da criatividade, do desenvolvimento do pensamento crítico e do senso de comunidade. Para uma criança em formação, essa vivência torna-se mais importante ainda, pois ela se vê pertencente aos espaços culturais, tornando a visitação um hábito. “No caso do concurso Professores Inovadores 2021, que partiu da exposição O Fio de Ariadne, que expôs tapeçarias de Iberê Camargo realizadas pelas bordadeiras do Artesanato Guanabara, esse encontro das crianças com a Fundação se torna mais feliz ainda, pois, além de estimular a motricidade fina e concentração, o têxtil é um elemento comum ao nosso dia a dia (diferente de pintura, por exemplo) e, dessa maneira, a ligação do público com as obras são mais diretas. O fazer manual – e os objetos que envolvem esse fazer, como agulha, fios, tecidos – são presentes em nossas vidas e, em muitos casos, há um parente, em sua maioria mulheres, que se dedica a alguma técnica têxtil, o que torna aquele objeto artístico não tão distante de nós. Ver técnicas manuais e têxteis espaços culturais dá uma nova dimensão a essas práticas e, consequentemente, a valorização desses saberes.”
O Fio de Ariadne
Com curadoria de Denise Mattar e co-curadoria de Gustavo Possamai, a mostra apresentou uma faceta pouco conhecida de Iberê Camargo: as cerâmicas e tapeçarias produzidas entre décadas de 1960 e 1970, um período que respondia a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista, que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato. Pelas mãos de Maria Ângela Magalhães, surgiram sete impactantes tapeçarias; os “murais nômades”, como os chamava Le Corbusier.