76º Aniversário de Maria Lídia Magliani: uma mulher muito à frente do seu tempo
Hoje, Maria Lídia Magliani completaria 76 anos. Uma mulher muito à frente do seu tempo, dona de uma personalidade ímpar e, como ela mesmo dizia, cheia de opinião. Magliani sempre prezou pela liberdade, inclusive, para continuar indagando. Por isso pintava. Iberê Camargo era um grande admirador seu, como deixou claro em carta enviada à artista: “Nós dois temos a mesma meta, o mesmo ideal, a mesma devoção. Haveremos de deixar nossos rastros neste chão em que nascemos.”
No próximo dia 19 de março, a Fundação Iberê inaugura uma grande exposição em homenagem à pintora. Com curadoria de Denise Mattar e Gustavo Possamai, serão apresentados cerca de 200 itens entre obras e documentos provenientes de mais de 60 coleções.
“Eu pinto. Forma, luz, cor, traço, sombra, área, volume. E pretendo que o ato de pintar seja em si a minha ação no mundo. Me interessa investigar a essência, o cerne de todas as coisas vivas. A figura humana é a forma-instrumento de que me sirvo na tentativa de explorar o interior, maneira de tornar palpável o incorpóreo. Minha matéria-prima é a sensação, antes da razão. […] Enquanto estou pintando, é a pintura e o ato de pintar que me interessam. A relação de troca que se estabelece entre o quadro e eu. O que a pintura me acrescenta como apreensão e/ou compreensão do todo e o que talvez eu possa acrescentar através dela como material de auto-investigação para o observador. Lançar perguntas que acionem novas perguntas. Muito provavelmente sem respostas, porque acredito que qualquer tentativa de tornar a arte totalmente deglutível é mera redução, ilustração do cotidiano e suas prototipias medíocres. […] Pintar é exercer a liberdade de continuar indagando. Pretendo que a minha pintura seja, antes de mais nada, fiel às minhas próprias sensações-perguntas, em relação a tudo o que me cerca e influencia, sempre antes sensorial do que racionalmente. Impulso, instinto, intuição. E que nesta medida seja um reflexo dos corações e mentes que procuro investigar, enquanto tomo como modelo o meu próprio centro frágil.”