Conheça Manauara Clandestina, a artista trans dona de potências criativas multidisciplinares

08.fev.21

Filha de pastores missionários da Assembleia de Deus, foi justamente dentro de um templo religioso que Manauara Clandestina começou, ainda na infância, a desenvolver atividades de canto, dança e teatro na igreja: “Apesar de sua estrutura opressora para pessoas LGBTs, a igreja foi o lugar que me acolheu em relação à arte. Meus pais também foram os grandes influenciadores para que isso acontecesse, mas a igreja foi um espaço fértil para uma criança que precisava de informações”.

Em 2020, ela foi selecionada por uma open call (chamada aberta) do Instituto Inclusartiz, voltada para artistas da região norte do Brasil. O prêmio: uma residência artística em Londres, fruto da parceria entre a Delfina Foundation e o Instituto Inclusartiz, onde desenvolveu o projeto “Por enquanto 35”, que havia iniciado em São Paulo.

Por meio de registros em uma câmera Polaroid, o projeto traz reflexões sobre os dados que apontam que a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de 35 anos. A ideia trabalha com a efemeridade das fotografias, que vão se apagando com o tempo. Mas o seu trabalho não se propõe a seguir a partir de uma narrativa de mortes; o objetivo é justamente poder falar sobre conquistas vivas. Este ano, o Instituto Inclusartiz deu continuidade à parceria com a artista, a tornando a nova residente do Piramidón – Centre d’Art Contemporani, em Barcelona.

As obras de Manaura Clandestina imprimem laços de afetividade, com um olhar íntimo e sensível, e contam também sobre a sua experiência de vida. Sobre o seu percurso na moda, foi a partir de um convite da estilista Vicenta Perrotta para ser modelo das suas criações que ela começou a explorar outras possibilidades. Manauara assinou a direção criativa de diferentes desfiles da estilista, que resultaram em grandes performances. Entre tantas possibilidades, sua vida e obra são como uma explosão de força e afeto, e pode-se ver que a artista ainda tem muito a desbravar.

Para mais informações sobre os seus trabalhos, acesse seu perfil no Instagram @manauaraclandestina.

Fonte: https://midianinja.org/news/clandestinidade-lugar-de-movimento-e-afeto-uma-conversa-com-manauara-clandestina