Denise Mattar e Maria Amelia Bulhões falam sobre o sistema de arte para cerâmicas e tapeçarias em live da Fundação Iberê

03.jun.20

No próximo sábado (6), a curadora Denise Mattar conversa com a presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, Maria Amelia Bulhões, sobre o sistema de arte para cerâmicas e tapeçarias. O bate-papo é parte de uma série de lives que a Fundação Iberê vem realizando sobre o conceito, a pesquisa e seleção de obras da exposição inédita “O Fio de Ariadne”. A transmissão ocorre às 11h, pelo perfil do Instagram @fundacaoibere.

No texto para o catálogo da exposição, Maria Amelia escreve: “Iberê foi solidário a muitos movimentos emergentes, como a criação do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, a rebelião contra a taxação de impostos sobre a importação de tintas e também contra a marginalização de fazeres femininos no campo da arte, como se exemplifica na produção que será apresentada nessa exposição.

Esta mostra documenta e comemora sua atitude, apresentando-se como memória de momentos e de etapas com as quais se constrói a presença do feminino no campo artístico e de sua recepção pelo público e pelo próprio sistema da arte. Eles testemunham como as atividades femininas vão sendo introduzidas e recebidas, também, através de alianças com artistas como Iberê Camargo, sensíveis à sua discriminação e à necessidade de promover sua valorização.”

“O Fio de Ariadne” reunirá cerca de 37 cerâmicas, sete tapeçarias de grandes dimensões e cartões pintados por Iberê, e gravuras. A mostra será complementada por uma cronologia ilustrada, reunindo fotos e depoimentos de algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê. Entre elas, a esposa Maria Coussirat Camargo, a artista Djanira, as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, as artistas Regina Silveira e Maria Tomaselli, a tapeceira Maria Angela Magalhães, a gravadora Anna Letycia, a escritora Clarice Lispector, as gravadoras Anico Herskovits e Marta Loguercio, a galerista Tina Zappoli, a produtora cultural Evelyn Ioschpe, a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Fernanda Montenegro.

Exposição inédita – Durante as décadas de 1960 e 1970, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria. Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista, que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato.

Com assessoria técnica das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, Iberê realizou, nos anos 1960, um conjunto de pinturas em porcelana, com resultados surpreendentes. Na década seguinte selecionou um conjunto de cartões, que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias.

Sobre Denise Mattar
Foi curadora do Museu da Casa Brasileira de São Paulo (1985 a 1987), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987 a 1989) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1990 a 1997). Como curadora independente realizou mostras retrospectivas de artistas, como Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Maria Tomaselli, Norberto Nicola, Alfredo Volpi, Guignard, entre outras. Em 2019, recebeu novamente o Prêmio APCA pela retrospectiva de Yutaka Toyota, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Brasileira da FAAP, São Paulo e Museu Nacional.

Sobre Maria Amelia Bulhões
Além de crítica de arte, Maria Amelia é professora titular do Departamento de Artes Visuais da UFRGS, pesquisadora A1 do CNPq, docente e orientadora no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado na Universidade de Paris I, Sorbonne (1995-1997) e na Universidade Politécnica de Valencia (2006 – 2008). O foco de seu trabalho é a arte contemporânea em suas relações sistêmicas. Organizou diversos livros, entre eles: “Arte Contemporânea no Brasil” (2019), “Pela arte contemporânea, desdobramentos de um projeto” (2017) , “As novas regras do jogo: o sistema da arte no Brasil” (2014) e “Web arte e Poéticas do território”(2011).