Iberê produzindo a pintura “Crepúsculo I”, no ateliê da rua Lopo Gonçalves, Porto Alegre, 1983.

Acervo Documental Fundação Iberê Camargo

Tombo F7156

“Ao longo dos muitos anos durante os quais Iberê explorará esse tema [do carretel], a materialidade da pintura ganhará cada vez mais importância, fazendo da forma do objeto um elemento cada vez menos decisivo. O próprio título das obras muda, e a palavra ‘carretel’ é substituída por ‘brinquedo’, ‘figura’, ‘contraste’, ‘símbolos’ ou, ainda, ‘signos’. Desde então, o olho retém primeiramente a presença sensível da cor que praticamente adquire volume, como uma massa resplandecendo da própria matéria, profunda e sensual. É sobre esta matéria, que se torna matéria-prima, que o desenho vem então se superpor. Neste corpo a corpo com a cor, o traço do pincel torna-se cada vez mais visível, atestando a força dinâmica do gesto. Assim, abre-se um capítulo novo na pintura de Iberê que se libera pouco a pouco dos limites dos objetos para dar maior importância ao impulso do próprio gesto de pintar.
Essa evolução para uma pintura por vezes fortemente gestual conduzirá Iberê às fronteiras da abstração através da exploração de formas muito simples como aquela do dado. […]”

LEENHARDT, Jacques. Iberê Camargo: os meandros da memória. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2010. p. 32.

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