Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura

Curadoria

Felipe Scovino e Pieter Tjabbes

03.jul

25.out.15

A obra de Abraham Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também reconhecer uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam uma nova consciência do corpo.

A contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá apenas (como se isto fosse pouco) por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética, mas também pela leitura particular que faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação. Seu lado “inventor” está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo, e não pelas tintas, imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz. É importante destacar que o experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua trajetória, em particular a série de pinturas que utilizavam a madeira como suporte e meio. Dois dados aparentemente ambíguos encontram uma simbiose perfeita.

A exposição também chama a atenção para mais dois aspectos importantes, a forma como o artista explora o tempo em suas obras e a sua ligação com a indústria. O movimento no espaço ativado por sua obra promove uma suspensão do tempo com o qual nos habituamos na vida moderna. Tudo se torna mais lento, delicado e preciso enquanto somos deslocados para um espaço cujas referências se perdem. Não há um centro, pois nossos olhos são constantemente intimados a percorrer os diversos percursos oferecidos.

Nesta exposição reunimos todos esses momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total.

Felipe Scovino e Pieter Tjabbes

 

Imagem: Vista parcial da exposição “Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 03 de junho a 25 de outubro de 2015. Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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