Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz

Curadoria

Regina Teixeira de Barros

23.jun

16.out.16

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz, sediada em Fortaleza, vem constituindo uma das mais sólidas coleções de arte brasileira do País. Das alegorias dos quatro continentes, pintadas no século XVII, à arte contemporânea, a coleção reunida pelo chanceler Airton Queiroz percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística com obras significativas de todos os períodos.

A exposição Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz traz um recorte circunscrito no tempo desse precioso acervo, destacando um conjunto de obras produzidas entre 1920 e 1960 tanto por artistas brasileiros quanto por estrangeiros residentes no País. A mostra abre com Duas amigas, pintura referencial da fase expressionista de Lasar Segall e, em seguida, apresenta trabalhos dos chamados anos heróicos do modernismo brasileiro, em que as tentativas de renovação formal estão em pauta.

Paralelamente à modernização da linguagem, alguns artistas dessa geração também se interessaram pela busca de imagens que refletissem uma identidade do e para o Brasil. No século XX, o debate nacionalista girava em torno da recuperação de elementos nativos, anteriores à colonização europeia, somados à miscigenação racial, fator que passa a ser considerado decisivo na formação do povo brasileiro.

As décadas de 1930 e 1940 foram marcadas por uma acomodação das linguagens modernistas. As experimentações cedem lugar a um olhar para a arte do passado e, nesse momento, surgem “artistas-professores”, como Ernesto de Fiori, Alberto da Veiga Guignard e Alfredo Volpi, que se tornariam referenciais para seus contemporâneos e para gerações vindouras. Desse período, merecem destaque trabalhos de Alfredo Volpi e José Pancetti que, além de comparecerem com um número significativo de obras na Coleção da Fundação Edson Queiroz, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração, apresentada na sequência.

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e se consolida na década de 1950 – abrange pintores do Grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos Grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a nenhum grupo, mas que adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a com certo lirismo.

A última sala é consagrada à abstração informal, e a exposição se encerra com uma pintura de Iberê Camargo, criando mais um vínculo entre Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz e a instituição que a abriga.

Regina Teixeira de Barros

 

Imagem: Vista parcial da exposição “Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 23 de junho a 16 de outubro de 2016. Foto © Nilton Santolin

Galeria de imagens
Downloads
Material Didático_exposição Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz
DOWNLOAD
Catálogo_exposição Arte moderna na coleção da Fundação Edson Queiroz
DOWNLOAD