Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo

Curadoria

Jailton Moreira

12.nov

06.fev.11

Em 2001, a Fundação Iberê Camargo instituiu o prêmio anual de uma bolsa internacional de estudos para jovens artistas brasileiros. Batizada inicialmente de Luiz Aranha em homenagem ao poeta modernista, amigo e mecenas que ajudou Iberê Camargo no começo de sua carreira, a Bolsa Iberê Camargo contemplou, em suas primeiras edições, um artista a cada ano. A partir de 2005, passaram a ser oferecidas duas bolsas anualmente. Nesta longa e consolidada história, 14 artistas já foram premiados com intercâmbios em nove instituições de seis países diferentes. Todo ano a Fundação Iberê Camargo recebe um grande número de inscrições de projetos que têm como mote o deslocamento e as relações com outros ambientes artísticos.

A exposição Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo se propõe a dar visibilidade a um projeto que acredita que o intercâmbio de ideias é fundamental para a formação, implantação e difusão da arte contemporânea brasileira. Ela confronta obras significativas da produção desses artistas sem estabelecer uma questão conceitual que as conecte, pois, uma vez que foram escolhidos por diferentes comissões de seleção, pautadas por critérios distintos, seria artificial unificá-los em qualquer proposta temática ou ideológica. Assim, evita-se forçar uma distorção de suas poéticas e um achatamento da multiplicidade de caminhos que elas liberam. Também não se tentou criar uma mostra que documentasse ou reproduzisse as experiências ocorridas durante o período das bolsas. Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo tece uma visão parcial, repleta de porosidades e ao mesmo tempo tensa, propondo um campo de relações pulsantes e indefinidas a partir das obras dos artistas contemplados. A diversidade de propostas, de suportes e de meios faz deste conjunto um breve panorama da produção jovem do país nessa última década, pois são inevitáveis os diálogos, as associações e as leituras que um ambiente livre e aparentemente desalinhado pode engendrar. A diluição das categorias tradicionais com propostas híbridas e refratárias a classificações excludentes perpassa vários trabalhos da mostra. Apresentam-se desde respostas às situações específicas da desafiadora arquitetura da Fundação Iberê Camargo até atualizadas abordagens das novas e velhas mídias.

A vivência de uma bolsa de estudos é uma mudança de ponto de vista, é uma recolocação do olhar do artista, que se relativiza à medida que se coloca sob novas circunstâncias. As viagens também foram incorporadas como instrumentos de descobertas cognitivas e sensoriais nos projetos das bolsas. Além disso, a Bolsa Iberê Camargo proporciona o contato com outras produções e sistemas de arte e uma imersão total na pesquisa, oferecendo a experiência estética direta com obras de artistas contemporâneos ou históricos, com os ídolos e as referências.

Sem querer desvendar a rede de conexões que esses artistas estabeleceram com campos culturais distintos, é inegável admitir que essa experiência de formação está disseminada em níveis e detalhes imperceptíveis até mesmo para eles próprios em suas trajetórias. Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo é um recorte atualizado dessa produção e exibe um perfil que caracteriza a Fundação Iberê Camargo desde seu princípio: a difusão reflexiva em sintonia com a produção emergente nacional.

Jailton Moreira

 

Imagem: Abertura da exposição “Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 12 de novembro de 2010 a 06 de fevereiro de 2011. Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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Material Didático_exposição Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo
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Catálogo_exposição Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo – parte 1
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Catálogo_exposição Convivências – Dez anos da Bolsa Iberê Camargo – parte 2
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