Iberê Camargo: o carretel – meu personagem

Curadoria

Michael Asbury

23.mar

23.mar.14

Esta exposição traça o desenrolar do carretel na obra do artista, de suas origens no tradicional gênero da natureza-morta, à sua metamorfose que o leva ao exercício da pintura como forma autônoma. Mais adiante, ao receber atributos antropomórficos e pelo procedimento da repetição da forma, vem a ser quase uma assinatura, um símbolo do próprio ser do artista. Como Iberê Camargo afirmou:

“Símbolo, signo, personagem – o carretel –, brinquedo da minha infância e agora, nesta fase, tema da minha obra, está impregnado dos conteúdos do meu mundo.”

Sem dúvida, o tema mais recorrente em sua obra, consensualmente reconhecido como marco da maturidade do artista, o carretel, de acordo com o próprio Iberê Camargo, traz à superfície as mais profundas memórias de sua infância. Sua significância parte de seu poder de abranger a distância entre inocência e maturidade, figuração e abstração, sua função simbólica e autonomia formal.

Se, no entanto, o carretel na pintura, com seus tons sóbrios e suas espessas camadas de massa pictórica, aparenta afirmar a ideia do artista expressionista solitário, sobrecarregado com a dor da vida, melancólico sobre a irreversível perda da inocência, na gravura, é frequente a aparência da leveza da forma que se enfatiza através de composições lúdicas, jocosas. Ao apresentar tal justaposição, esta exposição convida para uma releitura do significado da temática do carretel na obra de Iberê Camargo, visando a uma aproximação entre os embates da época e certos procedimentos artísticos contemporâneos.

Michael Asbury

 

Imagem: Vista parcial da exposição “Iberê Camargo: o carretel – meu personagem”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 23 de março de 2013 a 23 de março de 2014. Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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