Iberê Camargo: persistência do corpo

Curadoria

Ana Maria Albani de Carvalho e Blanca Brites

02.set

08.mar.09

Nesta exposição organizada exclusivamente com peças pertencentes ao Acervo da Fundação Iberê Camargo, o argumento curatorial resulta do cruzamento de três valores: 1) a figuração centrada na exploração do corpo humano; 2) ressonâncias e correspondências entre pintura e desenho; 3) obras realizadas durante os anos 80. A pintura Fantasmagoria IV atua como elemento deflagrador desta proposta, obra capaz de gerar uma rede de relações estéticas e artísticas perceptíveis entre os diversos trabalhos que compõem a mostra.

O percurso pela exposição foi concebido como um ensaio virtual, sendo que a disposição das obras neste espaço não obedece a critérios cronológicos, pois os vínculos estabelecidos para a montagem são de ordem estética, formal e temática. Procurando abrir o leque das possibilidades para construção do sentido por parte do espectador, aproximamos pinturas e desenhos realizados em períodos distintos e também com objetivos artísticos diversos, tais como estudos, croquis, esboços, obras inacabadas e pinturas assumidas pelo artista como produtos finais, efetivamente aptos a enfrentar o crivo de qualidade do próprio autor, assim como de seus pares e do público em geral. Tal procedimento não pretende trair as opções feitas pelo artista em relação à difusão de seu trabalho. Pelo contrário, seu propósito consiste em aprofundar o conhecimento sobre a Obra de Iberê Camargo, operação fundada na percepção sensível de seu processo criativo.

Conhecido pelo vigor com que tratava um embate físico com o suporte – tela ou papel – e pela qualidade expressiva do gesto, no traço ou na pincelada, esta exposição reúne trabalhos exemplares deste caráter, manifesto tanto em desenhos do período de formação do artista, ainda nos anos 40, quanto em obras de seu momento de maturidade, nos anos 80. Nesta exposição o corpo – do artista, do modelo, a matéria, da própria pintura – persiste. Por fim, o possível diálogo resultante da proximidade visual entre trabalhos produzidos em diferentes momentos da trajetória de Iberê Camargo pode gerar um estranhamento produtivo, instigando novas proposições sobre o seu legado artístico.

Ana Maria Albani de Carvalho e Blanca Brites

 

Imagem: Vista parcial da exposição “Iberê Camargo: persistência do corpo”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 02 de setembro de 2008 a 08 de março de 2009. Foto © Mathias Cramer

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