Iberê Camargo: século XXI

Curadoria

Agnaldo Farias, Icleia Cattani e Jacques Leenhardt

18.nov

29.mar.15

A mostra comemorativa aos 100 anos de nascimento de Iberê Camargo foi concebida a partir das principais problemáticas de suas obras e suas repercussões ou afinidades na produção de artistas brasileiros contemporâneos. Diferenciando-se de um formato convencional de exposições comemorativas, em geral um conjunto representativo ordenado cronologicamente, a mostra destaca a potência da poética de Iberê Camargo em diálogo com trabalhos de dezenove artistas brasileiros de gerações variadas.

O recorte valoriza as relações de vizinhança e tensões entre as pinturas, gravuras e desenhos de Iberê e uma grande variedade de linguagens, incluindo escultura, instalação, fotografia, literatura, dança e cinema. Com essa perspectiva, pretende-se salientar o diálogo consciente e inconsciente que os artistas travam entre si e, no caso particular deste projeto, evidenciar uma espécie de “efeito Iberê Camargo” na arte brasileira, ou seja, o modo como sua produção se impôs ao nosso meio artístico, desvelando questões profundas da existência humana e do modo de representá-las. Um efeito que excedeu a própria duração da vida do artista, ultrapassando as linguagens por ele praticadas para ressoar em artistas de extração completamente distinta das suas, embora com sensibilidade e energia semelhantes.

Pela primeira vez, todos os espaços do edifício sede da Fundação Iberê Camargo são tomados como expositivos. A totalidade do prédio projetado por Álvaro Siza, desde o lado de fora ao interior tortuoso das rampas, passando pelo grande átrio, acolhe obras e conjuntos de obras com afinidades aos grandes eixos problemáticos tratados pelas várias séries de Iberê Camargo. Séries como Carretéis, Núcleos, Fantasmagorias, Ciclistas e Idiotas são apresentadas na companhia de trabalhos de artistas cuja proximidade, em alguns casos, pode trazer à mente a ideia de sombra, enquanto o caráter profundamente diverso da produção de outros, ao contrário, provoca fricções, ingrediente fundamental para o desdobramento de novos planos de leituras. O cinema, que Iberê tanto apreciava ocupa as rampas que levam de um andar ao outro, como também a literatura, que ele amava a ponto de praticá-la.

Ao alternar exemplares das principais séries de Iberê Camargo com trabalhos expressivos de artistas contemporâneos, a proposta de Iberê Camargo: século XXI é estabelecer um coro, colocar lado a lado um grupo consistente de vozes até então distantes umas das outras. A tensão e a surpresa provenientes dessas aproximações e cruzamentos interessam por si sós, dado que podem desencadear uma multiplicidade de sentidos.

Agnaldo Farias, Icleia Cattani e Jacques Leenhardt

 

Imagem:Vista parcial da exposição “Iberê Camargo: século XXI”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 18 de novembro de 2014 a 29 de março de 2015. Foto © Carlos Stein_VivaFoto

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