José Antônio da Silva – Pintar o Brasil

Curadoria

Gabriel Pérez-Barreiro

09.ago

02.nov.25

José Antônio da Silva (1909-1996) foi provavelmente o artista autodidata brasileiro mais famoso e bem-sucedido em vida, alcançando ampla visibilidade nacional e internacional, apesar de suas origens humildes.

Nascido em Sales Oliveira, no interior do estado de São Paulo, uma região marcada pelo cultivo intensivo de algodão e milho, era filho de um tropeiro e cresceu imerso nas tradições rurais e no folclore do campo – temas que apareceriam de forma recorrente em sua obra. Seu reconhecimento artístico ocorreu em 1946, quando, por impulso, apresentou suas pinturas em uma exposição no recém-inaugurado Centro Cultural de São José do Rio Preto. As obras chamaram a atenção de críticos de arte importantes, que saudaram com entusiasmo a “descoberta” de um artista popular brasileiro “autêntico”. Esse momento abriu caminho para sua carreira: Da Silva participou da primeira Bienal de São Paulo (1951) e de outras seis edições subsequentes do evento, além de ter integrado uma representação especial na 33ª Bienal de Veneza (1966).

Seus quadros retratam cenas da vida rural no interior paulista, com uma linguagem visual vívida e dinâmica. José Antônio da Silva com frequência repetia certos temas de forma obsessiva: plantações de algodão, feiras de cidades pequenas, tempestades e cenas religiosas – um gesto de defesa de um modo de vida em risco e desvalorizado pelas elites metropolitanas. Seus traços expressivos e o uso marcante da cor fizeram com que alguns críticos o considerassem “o Van Gogh brasileiro”.

Gabriel Pérez-Barreiro
Curador

 

Imagem: José Antônio da Silva. Algodoal, 1972. Foto © Sergio Guerini