Fundação Iberê apresenta obras de artistas selecionados pelo Bolsa Iberê/CMPC

19.ago.22

No dia 25 de agosto, a Fundação Iberê apresenta o resultado da residência artística dos artistas selecionados pelo Edital Bolsa Iberê/CMPC 2021, Guilherme Tavares e Tales Macedo. A mostra pode ser visitada até o dia 4 de setembro, no átrio do centro cultural.

Criada em 2001, a Bolsa fomentou, no seu transcorrer, diversos projetos e ideias, atraindo artistas que, mais tarde, se tornaram reconhecidos por suas técnicas e obras. No ano passado, a Fundação e a CMPC se uniram para retomar o programa de incentivo à produção artística, focando a edição na produção regional, com um processo seletivo estrategicamente dirigido às cidades de Guaíba, Pelotas e Rio Grande, áreas de atuação da CMPC.

Guilherme Tavares, 40 anos, e Tales Macedo, 25 anos, passaram duas semanas no Ateliê de Gravura da Fundação Iberê, orientados pelo artista Eduardo Haesbaert, que trabalhou como impressor nos últimos anos de vida do pintor. Dias intensos de pesquisa e de novas descobertas da técnica na prensa que pertenceu a Iberê Camargo e que já recebeu mais de 100 grandes nomes da arte brasileira.

Designer gráfico, fotógrafo e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Guilherme passou dois dias fotografando o cotidiano de Porto Alegre como parte do seu trabalho de prospecção. “Durante o mestrado desenvolvi uma pesquisa articulada em torno da fotografia a partir de deslocamentos (derivas, deambulações) pelo espaço urbano. Meu interesse volta-se para o encontro de situações efêmeras e fenômenos estéticos na superfície da cidade, tais como texturas em paredes descamadas, cartazes dilacerados (décollages) e projeção de sombras anamórficas de aparatos urbanos (grades, lixeiras, postes etc.). Tais situações descobertas de forma análoga aos objetos encontrados (objet trouvées), são colecionadas por meio da fotografia. A partir dessa matéria-prima, passo a produzir obras e ações artísticas, que vão desde intervenções urbanas até arte postal. Interessa-me também explorar os cruzamentos entre arte, design e arquitetura”, conta.

Tales, que vem da pintura, fugiu ao projeto inicialmente proposto para a sua residência na Fundação Iberê. Ao conhecer Eduardo Haesbaert, foi instigado às novas possibilidades com mãos livres. Dessa relação, surgiu uma sequência de trabalhos, que foram sendo gravados uns sobre os outros. “O Ateliê é um ambiente de experimentação pictórica, onde fui apresentado aos desdobramentos possíveis. Venho da pintura e percebi a qualidade da gravura, principalmente, a partir da monotipia e da impressão, as nuances que vão aparecendo, aos ‘fantasmas’ das impressões anteriores que trazem mais textura e qualidade à imagem. Este trabalho na Fundação Iberê será transportado para novas linguagens”, destaca.