Fundação Iberê convida Carol Anchieta e o artista carioca Maxwell para um bate-papo sobre a exposição “Pardo é papel”

07.out.20

No dia 14 de outubro (quarta-feira), a Fundação Iberê promove uma live com o artista carioca Maxwell Alexandre, sobre a exposição “Pardo é Papel”. O bate-papo será comandado pela jornalista Carol Anchieta, a partir das 19h, pelo Instagram @fundacaoibere. Com passagens por veículos como TV UNISINOS, Canal Futura, Rede Globo e RBS TV, Carol é mestranda em Design Estratégico para Inovação Social, com foco em moda sustentável e Afrofuturismo. Integra o grupo de estudos “Atinuké – Pensamento de Mulheres Negras” e, atualmente, trabalha como assessora de Diversidade da Secretaria de Estado da Cultura.

Aos 29 anos, Maxwell retrata em sua obra uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Com obras no acervo do Museu de Arte do Rio, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, ele apresenta “Pardo é Papel” em Porto Alegre, de 17 de outubro a 17 de janeiro, após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte do Rio e ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França.

“Ao visitar a exposição de Maxwell Alexandre no MAR, tive a certeza da importância de “Pardo é Papel” em Porto Alegre pela visão social de sua obra e, também, pela oportunidade de abrir nossas portas para a nova geração de artistas que se destacam internacionalmente”, destaca Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê.

A sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro – “Em maio de 2017, num desses dias de ateliê em que você vai sem saber muito o que fazer, eu pintei três autorretratos em folhas de papel pardo que estavam perdidas por ali. No dia seguinte, quando olhei as pinturas penduradas na parede, percebi que realmente havia uma sedução estética muito potente, mas somente quando fui fazer a quarta pintura me dei conta do ato político e conceitual que eu estava articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a cor parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude. A designação “pardo” encontrada nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidade de negros do passado foi necessária para o processo de redenção – em outras palavras, de clareamento – da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com o crescimento dos debates, a tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a projetar sua voz, a se entender e se orgulhar, assumindo seu nariz, seu cabelo e construindo sua autoestima por enaltecimento do que se é, de si mesmo. Esse fenômeno é tão forte e relevante que o termo “pardo” ganhou uma conotação pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro hoje que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema”, diz o artista.