Fundação Iberê reabre dia 19 com duas exposições inéditas de tapeçaria, cerâmica e de obras assinadas por gaúchos

10.set.20

A instituição abrirá de sexta a domingo, das 14h às 18h. As visitas deverão ser agendadas pelo Sympla, mediante contribuição

Depois de seis meses, a Fundação Iberê reabre suas portas no dia 19 de setembro (sábado) com duas exposições inéditas: “Iberê Camargo – O Fio de Ariadne” e “Tudo vem do nosso pátio”. Neste momento de retomada parcial, as visitas ocorrerão de sexta a domingo, das 14h às 18h. Mais informações pelo telefone (51) 3247 8000.

Nesta fase, em função dos altos custos para operacionalizar os cuidados sanitários, será necessária uma modalidade de contribuição à Fundação pelo Sympla:

– Visita mediada individual: R$ 20,00;
– Visita mediada dupla: R$ 30,00;
– Visita mediada em dupla + catálogo: R$ 40,00;
– Visita mediada em dupla + catálogo + estacionamento: R$ 70,00;
– Profissionais da saúde em geral terão acesso gratuito.

Serão cinco grupos com até 15 pessoas que poderão conhecer as mostras instaladas no átrio e segundo andar, sempre acompanhados por um mediador. Para entrar na Fundação, será obrigatório o uso de máscaras, higienização das mãos e verificação de temperatura. O Café Iberê funcionará em formato delivery e o estacionamento ficará aberto das 13h às 19h.

Clique aqui e agende seu horário!

IBERÊ CAMARGO – O FIO DE ARIADNE – Com curadoria de Denise Mattar e Gustavo Possamai, “Iberê Camargo – O Fio de Ariadne” apresentará 37 cerâmicas e sete tapeçarias de grandes dimensões, obras que não são expostas há cerca de 40 anos, e estão espalhadas em coleções públicas e particulares de Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Acompanham a mostra cartões e gravuras e uma linha do tempo em referência à urdidura feminina que apoiou o trabalho do pintor ao longo de sua história.

Durante as décadas de 1960 e 1970, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria. Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato.

Com assessoria técnica das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, o artista realizou nos anos 1960 um conjunto de pinturas em porcelana com resultados surpreendentes. Na década seguinte selecionou um conjunto de cartões que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias. Esses trabalhos não apresentados ao público há mais de 40 anos estão espalhados em instituições e coleções particulares pelo país e até fora dele. É, portanto, uma rara oportunidade ver esse conjunto.

Além das 37 cerâmicas, sete tapeçarias de grandes dimensões, gravuras e cartões pintados por Iberê, a mostra é complementada por uma cronologia ilustrada, chamada pela curadora Denise Mattar de “O Fio de Ariadne”, apresentando algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê:

“A imagem do ‘Fio de Ariadne’ surgiu para mim como um insight, como uma referência à urdidura feminina que apoiava o artista, o guia que Iberê usava para sair da estrutura labiríntica de sua própria pessoa e obra. Com assombro, descobri o projeto Dédale, filme e exposição de Pierre Coulibeuf, realizados em 2009, na Fundação Iberê. Não estamos, portanto, no domínio das coincidências, mas no das recorrências, dos potentes ecos suscitados pela contundente personalidade de Iberê Camargo – incluindo o prédio de Siza”, diz a curadora.

Na conhecida lenda grega, o herói Teseu consegue se salvar graças à Ariadne, que lhe dá um novelo de lã para guiá-lo no intrincado labirinto de Creta. O mito de Ariadne, que tem inúmeras interpretações filosóficas e psicológicas, mostra também como o apoio de uma mulher pode ser fundamental para a vitória do herói.

As mulheres são apresentadas através de fotos, biografias e depoimentos e, entre elas estão: a esposa, Maria Coussirat Camargo, a artista Djanira, as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, as artistas Regina Silveira e Maria Tomaselli, a tapeceira Maria Angela Magalhães, a gravadora Anna Letycia, a escritora Clarice Lispector, as gravadoras Anico Herskovits e Marta Loguercio, a galerista Tina Zappoli, a produtora cultural Evelyn Ioschpe, a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Fernanda Montenegro.

“O processo de pesquisa para obtenção de material para a linha do tempo, evidenciou a recorrência da invisibilidade feminina. Nos deparamos com a precariedade de fotos e de textos de pessoas como Elisa Byington, Luiza Prado e da própria Maria Angela Magalhães. Mesmo uma personalidade atuante como Evelyn Ioschpe não dispõe de uma biografia de fácil acesso à consulta. A procura por fotos, informações e documentos nos levou a recorrer a arquivos de família e foi complementada por entrevistas em São Paulo, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro”, explica Denise Mattar.

A mostra, organizada numa curadoria conjunta de Denise Mattar e Gustavo Possamai, responsável pelo acervo da Fundação Iberê, resultou numa exposição que oferece algumas camadas de leitura ao público: apresenta uma faceta menos conhecida da obra de Iberê Camargo; demonstra a qualidade artística de cerâmicas e de tapeçarias – colocando em questão algumas convenções ultrapassadas do circuito de arte – e torna visível a rede feminina que sempre deu suporte ao artista, revelando as vozes de Ariadne.

Para ver um preview das obras da exposição, clique aqui.

TUDO VEM DO NOSSO PÁTIO – A exposição ocupará o grande átrio do centro cultural com gravuras assinadas por 34 artistas gaúchos de diferentes trajetórias, matizes e gerações que participaram do projeto Artista Convidado. Muitos deles experimentaram, pela primeira vez, a técnica da gravura em metal na tradução de suas poéticas. Alguns voltaram ao seu lugar de origem para essa residência. Outros, mesmo vivendo na Capital, fizeram uma imersão na própria Fundação.

A partir da experiência no ateliê e da vivência com a arquitetura de Álvaro Siza, poderemos observar obras com referências ao edifício e seu entorno, ao Iberê e ao ofício da gravura, como nas imagens de Cristiano Lenhardt, Daniel Escobar, Jander Rama Maria Lucia Cattani, Marilice Corona, Luiz Eduardo Achutti, Rafael Pagatini e Walmor Corrêa.

Para dialogar com esses artistas, foram selecionadas gravuras e pinturas de Iberê Camargo realizadas, simultaneamente, entre os anos 1989 e 1992. Na pintura “No tempo” (1992), junto à “Ciclista” (1990), reaparece outro elemento icônico do artista, o “Carretel”, no mesmo quadro, tornando-se, assim, memória.

Artistas participantes: Iberê Camargo, Ariberto Filho, Carlos Pasquetti, Carlos Vergara, Cláudia Hamerski, Cristiano Lenhardt, Daniel Acosta, Daniel Escobar, Danúbio Gonçalves, Eduardo Haesbaert, Elaine Tedesco, Élida Tessler, Flávio Gonçalves, Gisela Waetge, Karin Lambrecht, Jander Rama, Jorge Menna Barreto, Lia Menna Barreto, Lucia Koch, Luiz Carlos Felizardo, Luiz Eduardo Achutti, Maria Lucia Cattani, Marilice Corona, Mauro Fuke, Michel Zózimo, Nathalia García, Nico Rocha, Rafael Pagatini, Regina Silveira, Rochelle Costi, Saint Clair Cemin, Teresa Poester, Vera Chaves Barcellos, Walmor Corrêa, Xadalu.