Hoje, Maria Coussirat Camargo completaria 107 anos

28.nov.22

Nesta homenagem, o artista Eduardo Haesbaert, mais do que impressor de Iberê (1914-1994), era tratado como filho pelo casal, descreve o que viveu da relação de Maria e Iberê: “Dona Maria e Iberê se conheceram na Praça da Matriz, em 1939. Numa tarde da semana, ela estava ali com as amigas e ele olhava na direção delas. Ela nos contou que achava que a paquera era para uma de suas amigas, mas não, era para ela mesma. Foi o começo do romance, que logo se tornou um grande amor, com companheirismo e apoio profissional.”

Haesbaert e a cineasta Marta Biavaschi recordam: “A arte sempre esteve presente na vida do casal, desde essa época em que se conheceram na praça quando eram estudantes. Ela era estudante de Artes Plásticas e ele frequentava o Curso Técnico de Arquitetura, ambos no Instituto de Belas Artes da Universidade de Porto Alegre – atual Instituto de Artes da UFRGS. O equilíbrio entre a pintura e o desenho técnico pautou grande parte da vida deles para suas subsistências. Depois de 1942, já casados e morando no Rio de Janeiro, Dona Maria também começou a trabalhar como desenhista em escritório de arquitetura. Foi quando Iberê pôde se dedicar exclusivamente ao aprendizado e ao ofício de pintor e, consequentemente, sua trajetória de artista pôde ser reconhecida. A estadia do casal na Europa, no final dos anos 1940, quando Iberê ganhou uma bolsa de estudos, também foi muito importante para esse aprendizado. O exercício do olhar ao observar obras de grandes mestres da pintura em museus na França e na Itália, acrescido de trocas que estabeleceram com professores e artistas com os quais conviveram nesse período por lá, marcaram a educação artística dos dois.

Quando indagada por quê ter parado de lecionar Arte, Dona Maria gostava de citar o verso de Lusíadas de Camões: ‘Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta’, para, poeticamente, traduzir a abdicação de sua própria trajetória como professora para cuidar da carreira de Iberê. Sabia do tamanho e da pulsão da obra. Seu amor era também à obra, não só ao Iberê.”