“Iberê Camargo: Vivo como as árvores, de pé” abre dia 4 de novembro com curadoria de Thiago Martins de Melo e Gustavo Possamai

18.out.23

O artista maranhense Thiago Martins de Melo foi convidado para fazer uma imersão na obra de Iberê Camargo e realizar, em parceria com Gustavo Possamai, responsável pelo acervo do pintor gaúcho, a curadoria da exposição “Iberê Camargo: Vivo como as árvores, de pé”, que abre no dia 4 de novembro.

Preocupado com as questões político-socioambientais, Iberê produziu obras e escreveu sobre o tema:

 

“O homem é o único animal que destrói sua casa, sem pensar na continuidade da prole. Em nome do consumismo desvairado, o inconsciente coletivo da humanidade encaminha o mundo para o apocalipse.” 

 

Defensor fervoroso da preservação da natureza e do desenvolvimento de uma “consciência ecológica”, ele dizia viver como as árvores, de pé. Embora não se definisse como um ativista, era crítico ao descuido com o meio ambiente, a exploração e apropriação de recursos naturais, além da relação entre o progresso tecnológico e as consequências ambientais de tais avanços quando geridos de forma irresponsável: “Me sinto na obrigação de dizer um basta a este extermínio da natureza. Não por mim, mas pelas novas gerações que virão.”

Nesta mostra, Martins de Melo e Possamai apresentam um recorte de 146 trabalhos, revelando um aspecto fascinante da personalidade e da obra de Iberê Camargo a partir do acervo da Fundação, além de três guaches da série “Ecológica (Agrotóxicos)” gentilmente cedidos por colecionadores. A série, criada por Iberê em 1986, foi produzida com a colaboração da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Iberê os viu realizando no Parque da Redenção a intervenção cênica chamada A dúzia suja, em referência aos doze agrotóxicos mais prejudiciais ao ser humano e à fauna silvestre. Reproduzindo falas do importante ambientalista José Lutzenberger, o grupo alertava o público quanto ao uso indevido de agrotóxicos nas lavouras gaúchas.

Depois disso, a Terreira da Tribo, como é chamado o espaço do grupo, transformou-se em ateliê durante um final de semana, para que Iberê realizasse os desenhos com os atuadores caracterizados e posando. Entre as personagens estavam o indígena, o FMI, o Tio Sam, o DDT e o militar, entre outros. À época, declarou: “Simpatizo com este projeto. Veja só, já mataram o nosso Guaíba”, referindo-se à poluição do lago que delineia grande parte da cidade. Disse também: “O gato, que é onívoro como homem, sabe exatamente qual a erva que deve comer. Já o homem se envenena. Foi por isso que eu achei que deveria tomar como mestres da minha vida os animais.”

Vivo como as árvores, de pé inclui, ainda, uma série de falas do artista que mantém vivo o seu pensamento. “Com frequência, suas metáforas invocavam imagens da natureza e são um convite para olharmos mais de perto para o mundo finito que habitamos e para as conexões que mantemos com ele. Afinal, como dizia Iberê, ‘vivemos num universo que é o resto de uma grande fogueira e as estrelas são suas últimas brasas’”, diz o texto dos curadores.

 

Para saber mais acesse: http://iberecamargo.org.br/exposicao/ibere-camargo-vivo-como-as-arvores-de-pe/