Lugar sem lugar – Fundação Iberê apresenta a primeira individual do artista Lucas Arruda em um museu no Brasil

22.set.21

Além das 70 obras de Lugar sem lugar, Arruda e a curadora Lilian Tone selecionaram 49 trabalhos de Iberê Camargo. Pela primeira vez, será conhecido todo o conjunto de pinturas de Tudo te é falso e inútil. As exposições inauguram no dia 2 de outubro, sábado, às 14h

De 2 de outubro a 16 de janeiro, a Fundação Iberê recebe a exposição Lucas Arruda: Lugar sem lugar, a primeira individual do artista a ser realizada em uma instituição no Brasil. Aos 38 anos, Arruda é um dos nomes mais importantes da arte contemporânea internacional, com exposições realizadas na América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Sua obra consta em coleções dos mais importantes museus do mundo: Tate Modern, Solomon R. Guggenheim Museum, Fondation Beyeler, Centre Georges Pompidou, Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Stedelijk Museum Amsterdam, Kunstmuseum Den Haag, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Moderna Museet e ICA Miami.

Com curadoria de Lilian Tone ― curadora independente que, até recentemente, integrava o Departamento de Pintura e Escultura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) ― Lucas Arruda: Lugar sem lugar apresenta cerca de 70 obras realizadas pelo artista entre 2009 e 2021. Pela primeira vez, serão expostas obras da série Deserto-Modelo ― paisagens e monocromos pelas quais o artista se tornou conhecido internacionalmente, além de trabalhos em vídeo e instalação que integram a mesma pesquisa ― lado a lado com pinturas que as precederam, incluindo as da série Chiesa. A mostra permitirá um olhar retrospectivo sobre a trajetória do artista nos últimos doze anos.

“Nas pinturas anteriores às paisagens, a linha horizontal funcionava como uma plataforma para eu construir algo, fosse uma natureza morta ou uma paisagem ― uma base para a representação de garrafas, casas ou outra coisa. Meu trabalho sempre abordou as ambiguidades entre figuração e abstração. E a linha horizontal/linha do horizonte pode funcionar como um jeito de mediar as distinções e interconexões entre as duas linguagens. Nas minhas pinturas anteriores, apareciam objetos oriundos do mundo concreto, mas também de outras pinturas, da memória e da história da arte”, explica o artista.

As paisagens, matas e monocromos da série Deserto-Modelo se diferenciam por uma luminosidade insólita e sutil que se revela aos poucos, recompensando uma observação prolongada. Pintadas de memória, suas paisagens são desprovidas de pontos de referência geográficos específicos. Cada pintura contém sua atmosfera distinta, criada pela forma como a pintura é aplicada, suas cores, sua luz. No limite da abstração, as obras são sustentadas pela presença da linha do horizonte, que por vezes é quase imperceptível. Seus formatos relativamente íntimos convidam o espectador a uma proximidade física e uma atenção concentrada. Arruda destaca a materialidade e a fisicalidade das pinturas através de pinceladas, riscos, transparências e impastos, que nos remetem a outros momentos da história da arte. No entanto, é o retrabalhar contínuo das mesmas configurações e a repetição de imagens ao longo de muitos anos que conferem um significado singular ao seu trabalho. “Eu sempre preciso de muito tempo para decantar uma experiência. Depois, fico só com ela. Nunca fui o tipo de artista que sempre faz coisas novas. Ao contrário, gosto de passar bastante tempo depurando uma única imagem”.

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Iberê Camargo: Tudo te é falso e inútil
Para dialogar com Lugar sem lugarLucas Arruda selecionou 49 obras do acervo da Fundação para a exposição Iberê Camargo: Tudo te é falso e inútil. A seleção, que gira em torno da série que dá nome à mostra, destaca obras dos últimos anos da carreira do artista, incluindo 14 pinturas e 35 guaches e desenhos realizados entre os anos 1990 e 1994.  A exposição fica em cartaz até 13 de fevereiro de 2022.

A série, finalizada um ano antes do pintor gaúcho falecer, é considerada um dos momentos mais memoráveis de sua obra. As cinco pinturas que integram o conjunto, sendo uma delas proveniente de uma coleção particular, serão apresentadas juntas, pela primeira vez, na instituição que leva o nome do artista.

Entre 1992 e 1993 Iberê, já diagnosticado com câncer, realiza a série Tudo te é falso e inútil. Os elementos trabalhados até aquele momento, como os carretéis, as bicicletas e os manequins surgem, agora, como testemunhos de um tempo, imobilizados na memória e anunciando o fim.

O primeiro encontro de Arruda com esta série de Iberê ocorreu há seis anos, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, e se tornou uma forte referência para seu trabalho. “O que mais me impressionou, nessa série, foi o perfeito alinhamento entre a execução e o assunto do trabalho. O drama daquelas imagens não reside somente no conteúdo, mas em como Iberê as construiu, no modo como a tinta é posta e raspada, riscada, depositada e removida múltiplas vezes, resultando na fantasmagoria das figuras. A angústia do tema é expressa na própria carne da pintura. Parece existir uma ansiedade no fazer estreitamente conectada ao assunto, o que traz uma potência muito grande para o trabalho. Essa qualidade da pintura do Iberê foi uma das coisas que mais me chamou a atenção”, destaca. 

As exposições Lucas Arruda: Lugar sem lugar e Iberê Camargo: Tudo te é falso e inútil têm o apoio do Instituto Inclusartiz.

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Fundação Iberê
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