sem título, 1942
grafite sobre papel
25,3 x 20 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D0309

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Para o observador, o desenho, nesse ponto, talvez tenha uma vantagem sobre a pintura. O desenho, quase sempre, deixa à mostra, graças à linha, o caminho de sua construção. Como espectador, olhando para uma linha, posso reconstituir o gesto do artista ao riscá-la. A linha encerra uma narrativa (por menos narrativo que se pretenda o desenho): a linha tem um começo, um desenvolvimento e um epílogo. Na pintura, ainda mais em uma pintura a óleo, com camadas e sobrecamadas emplastadas como aquelas de Iberê, dificilmente se perceberá esse percurso. Acompanhando a linha com o olhar, redesenho a mão e o olhar do artista na construção da paisagem, no tronco da árvore, nas águas de Veneza, nas suas transparências, nos contornos de um corpo. Em uma figura humana, Iberê parece saborear o desenrolar e o sobrepor da própria linha, a mão dança sobre o papel, insiste no rosto, desliza pelo corpo, define a figura de uma forma precisa. Desenhos como esse nos lembram que a linha é o registro de um movimento no tempo – tanto quanto ela é o registro de uma ação no espaço.”

VERAS, Eduardo. A linha incontornável: desenhos de Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2011. p. 19.