Estudo para pintura da série Tudo te é falso e inútil, 1992
grafite e guache sobre papel
23,7 x 32 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D0895

Foto © Rômulo Fialdini

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“Os trabalhos Estudo para a série Tudo te é falso e inútil e o sem título [tombo D3206] indicam a permanência das temáticas desenvolvidas nas duas últimas décadas e também a convergência das técnicas artísticas utilizadas por ele. São obras de marcada fatura gráfica que têm a linha como seu elemento fundador a par de um tratamento pictórico que extrapola a mera ocupação dos fundos das composições.
No primeiro é notável a precisão do desenho que define toda a composição, desde a personagem central e sua bicicleta, a silhueta feminina totalmente gráfica, que sai pela direita da folha e, por fim, a paisagem plenamente apresentada, apesar da economia de meios. […] Em ambos os trabalhos, a par da clareza da sua forma gráfica, associa-se uma inteligente abordagem pictórica, seja na densidade e na materialidade excessiva da figura de Tudo te é falso e inútil, a densidade da bicicleta e a clara definição da paisagem em tons subsequentes de cinza apontando a terra e o céu. […]
Os efeitos conseguidos se devem à utilização de materiais como o guache e o nanquim, de secagem rápida, que exigem um trabalho rápido, sem maiores possibilidades de alteração depois de aplicados. O papel como suporte também exige um cuidado maior na sua utilização devido a sua fragilidade. Esses são fatores certamente responsáveis pelos resultados alcançados. Os temas permanecem, conforme afirmamos: temos os ciclistas, as figuras solitárias, os manequins, todos com um tratamento em surdina. São obras de pequenos formatos sobre papel, com uma ampla utilização de aguadas, densificadas com incisivos traços a lápis e nanquim. É uma forma de pintar e de desenhar simultaneamente, demonstrando o excepcional domínio técnico alcançado pelo artista e impedindo uma classificação definitiva.”

GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 106.