sem título, c.1987
grafite e lápis Stabilotone sobre papel
23 x 31 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D2094

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“O retorno efetivo da paisagem na obra de Iberê se dará através das composições dos anos 1980. São obras com figuras e fundo plenamente definidas, obras com um alto grau de complexidade na sua concepção e elaboração. Dois estudos [tombos D1025 e D2094] desse período exemplificam bem a função da paisagem em sua obra nesse momento: o estudo para Fantasmagoria IV é uma intricada teia de informações, sugerindo mais do que mostrando a paisagem, resultando num desenho áspero e tortuoso. O segundo desenho, sem registro de finalidade, é mais definido: vemos as árvores e o fundo distintamente, e esse nos permite uma imersão no universo da paisagem e também do trabalho por si, diante da riqueza do material utilizado, caracterizado por uma fatura espessa e aveludada.
Se o retorno da paisagem se dá de modo efetivo nesse período, ela não corresponde à paisagem topográfica dos anos 1940 e, mesmo, aquelas saudosistas dos anos 1970. A paisagem aqui, mesmo quando mantém os traços identitários de lugares, tem uma nova função: são registros sobre o estar no mundo e não de um lugar, ou locus, são representações de estados de alma, apontamentos sobre lugares, mas principalmente, retratos de outros lugares interiores: ‘Nas telas de Iberê dos anos 90, as paisagens parecem ser geradas de dentro. De dentro do próprio pintor, de dentro dos corpos humanos presentes nas telas; como se fossem criadas a sua medida’ […].

GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 126-128.