Regimento Marechal Caetano de Faria, 1981
lápis de cor sobre papel
25,5 x 36,5 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D2435

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Vigiar e punir como na filosofia de Michel Foucault, a alma é prisão do corpo. Signos e sinais. Letreiros. Cores emblemáticas, algumas da corporação. O retorno à figura neste momento preciso produz o testemunho da Hora. Noutra estação, homens desenhados com linhas verticais e horizontais cruzadas: corpos-grade.
‘Houve um dia em que a vida do homem-pintor foi sacudida pelos ventos da desgraça. Ferido, conheci o amor e o ódio, avaliei a infinita capacidade humana no sublime e no sórdido. Caminhei por caminhos ásperos sem outra luz que a da minha consciência.’
A arte é prisão do corpo, o desenho e um segmento de linha contínua – como se o lápis estivesse preso ao papel e não se libertasse enquanto não produzisse a imagem – porque ‘a vida do pintor é a vida do homem’.
O lápis é extensão do corpo, da mão presa ao papel, suporte, chão. O traço é nervoso e ligeiro como se recusasse a imobilidade, evitasse se deter num ponto do tempo e espaço ou quisesse reconquistar o espaço do mundo. Homens conversando, batalhões – toda ordem se une por um fio condutor: a linha ininterrupta ou encaranhada do desenho – como se todos, prisioneiros e vigilantes, estivessem presos à mesma teia, lados da mesma moeda.
[…] Passada a noite, a arte que fora prisão do corpo reafirma-se na iluminação de Mário Pedrosa como exercício de liberdade. A luz sofrida aponta o caminho.”

HERKENHOFF, Paulo. Alguns do múltlipo Iberê. In: BERG, Evelyn. Iberê Camargo: coleção contemporânea 1. FUNARTE, Instituto Nacional de Artes Plásticas/ Museu de Arte do Rio Grande do Sul: Rio de Janeiro, 1985. p. 62.