sem título, 1991
tinta de esferográfica, guache e lápis Stabilotone sobre papel
23 x 33,9 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo D3204
Foto © Rômulo Fialdini
“O retorno efetivo da paisagem na obra de Iberê se dará através das composições dos anos 1980. São obras com figuras e fundo plenamente definidas, obras com um alto grau de complexidade na sua concepção e elaboração. […]
Se o retorno da paisagem se dá de modo efetivo nesse período, ela não corresponde à paisagem topográfica dos anos 1940 e, mesmo, aquelas saudosistas dos anos 1970. A paisagem aqui, mesmo quando mantém os traços identitários de lugares, tem uma nova função: são registros sobre o estar no mundo e não de um lugar, ou locus, são representações de estados de alma, apontamentos sobre lugares, mas principalmente, retratos de outros lugares interiores: ‘Nas telas de Iberê dos anos 90, as paisagens parecem ser geradas de dentro. De dentro do próprio pintor, de dentro dos corpos humanos presentes nas telas; como se fossem criadas a sua medida’. Vemos em algumas delas os ciclistas solitários, indo ou voltando, não sabemos de onde ou para onde. Não importa: a sensação é mais importante do que a informação objetiva sobre esses lugares amplos e esvaziados.”
GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 126-128.