sem título, 1993
guache, nanquim e lápis Stabilotone sobre papel
35 x 50 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D3206

Foto © Rômulo Fialdini

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“Os trabalhos estudo para a série Tudo te é falso e inútil e o sem título [tombo D3206] indicam a permanência das temáticas desenvolvidas nas duas últimas décadas e também a convergência das técnicas artísticas utilizadas por ele. São obras de marcada fatura gráfica que têm a linha como seu elemento fundador a par de um tratamento pictórico que extrapola a mera ocupação dos fundos das composições.
[…] [No desenho sem título], a figura monumental ocupa o centro visual da composição e se confronta com um manequim de escassa configuração. […] o campo visual está dividido pela ampla diagonal que atravessa o espaço, da esquerda para a direita. A parte inferior é completamente escurecida, simulando um espaço físico estável e sólido. À densidade do espaço cortado sobrepõe-se a suavidade da figura, tratada com tons aliviados de cinza e preto e em confronto com a clareza do manequim sem cabeça, desenhado com pinceladas de luminosa cor laranja.
Os efeitos conseguidos se devem à utilização de materiais como o guache e o nanquim, de secagem rápida, que exigem um trabalho rápido, sem maiores possibilidades de alteração depois de aplicados. O papel como suporte também exige um cuidado maior na sua utilização devido a sua fragilidade. Esses são fatores certamente responsáveis pelos resultados alcançados. Os temas permanecem, conforme afirmamos: temos os ciclistas, as figuras solitárias, os manequins, todos com um tratamento em surdina. São obras de pequenos formatos sobre papel, com uma ampla utilização de aguadas, densificadas com incisivos traços a lápis e nanquim. É uma forma de pintar e de desenhar simultaneamente, demonstrando o excepcional domínio técnico alcançado pelo artista e impedindo uma classificação definitiva.”

GOMES, Paulo. Iberê e seu ateliê: as coisas, as pessoas e os lugares. Fundação Iberê Camargo: Porto Alegre, 2015. p. 106.