Mulher e cadeira, 1993
guache e lápis Stabilotone sobre papel
70 x 50,1 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo D3213

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Uma grande parte desses desenhos guache são idiotas em variados conjuntos, figuras que não estão conversando ou em relação: só estão, e isoladas. E outro grupo de imagens é um ‘diálogo’ – surdo, opaco também – com uma cadeira vazia, absolutamente vazada, sem corpo, atravessada pelo mesmo vazio reinante. Esse reino do vazio, com certeza de ambiente desolador é, porém, contrastado com essa cromática viva, mais acesa, e que permite, portanto, outras luzes (certa festa cromática como pedia Delacroix). Há exemplos de figuras que chegam a estar envolvidas num tipo de nuvem-aura, de massa de cor, ou de diferentes atmosferas. E, de novo, a cor toma conta dos trabalhos, impondo-se sobre toda a superfície do papel, cobrindo a cena toda, não só o figurado ou o aparecido. Tudo é representado como um clima, no qual as cores e as linhas das coisas são a modulação, o vocabulário. Tudo é tão enxuto e esquemático – de imagens-figuras síntese – e ao mesmo tempo pleno de certa exuberância (campos de cor atravessando as linhas das figuras, interpenetrando-se). Algo talvez mais evidente aqui, nesses desenhos mistos, mas que faz parte da trajetória intensa do pintor, de sua entrega física à cor, às formas que a conjugam.”

NAVAS, Adolfo Montejo. Conjuro do mundo: as figuras-cesuras de Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2012. p. 20.