Morte aos aposentados, 1992
tinta de esferográfica sobre papel
18,9 x 23 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo D3402
Foto © Fabio Del Re_VivaFoto
“Já a série de trabalhos assinados como Maqui, por exemplo, em denominação simbólica da resistência francesa durante a ocupação nazi, mostra parte de sua cosmovisão: estar diante de um território ocupado em que só cabe a guerrilha, a ação singular, esporádica. Essa frente de atuação estética, e cívica, […] atinge cotas peculiares, seja de liberdade tonal, de uma sátira em cores que transpira humor (ainda que às vezes seja negro, paródico, quase cruel). […]
[…] A vertente satírica de Maqui abriga não só a necessidade de interpelar o mundo, como de colocar uma posição definida, em desacordo com a negatividade vislumbrada. Assim, os desenhos rápidos, urgentes, correlatos para matérias, funcionando para ilustrações semânticas definidas (veiculadas em jornais, os meios de opinião cidadã) passam também uma vibração expressionista, e que artistas alemães como Georges Grosz ou Otto Dix potenciaram, trabalhando como numa frente social, objetivamente crítica, na moral da política.”
NAVAS, Adolfo Montejo. Conjuro do mundo: as figuras-cesuras de Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2012. p. 17-20.
“[…] [Na exposição Iberê Camargo: diálogos no tempo] agrupamos uma seleção de charges produzidas por Iberê sob o pseudônimo Maqui, onde ele exercita a ironia mordaz, impiedosa, que dedicava (com justiça, diga-se) aos políticos nacionais. Os comentários escancaram também um lado misógino e machista que mostra o ser humano por trás do artista. Afinal, não estamos aqui fazendo uma hagiografia ou canonização. Seria trair a memória de quem declarava: ‘Nunca toquei a vida com a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão’. Politicamente correto para ele era um palavrão, um sinônimo de censura.”
MORAES, Angélica de. Iberê Camargo: diálogos no tempo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2016. p. 10.