Autorretrato, 1943
ponta-seca
12,1 x 9,9 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo G002-2

Foto © Fabio Del Re_VivaFoto

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“Também de 1943 é uma ponta-seca que imprime no atelier do grupo Guignard no Rio de Janeiro. Nela, o estilo linear, influência do mestre, predomina. O rosto de Iberê ingressa na cena pela direita em um primeiro plano aumentado. O plano de fundo que mostra uma locomotiva – seu pai era agente ferroviário – e um morro como indicação da paisagem carioca. Passado e presente unidos: sua infância nos diferentes destinos aos quais chegava o trem no extenso sul e a sua juventude na capital do país, construindo uma carreira artística.
‘O autorretrato é uma introspecção, um olhar sobre si mesmo. É ainda uma interrogação, cuja resposta é também pergunta. Essa imagem que o pintor colhe na face do espelho, ou na superfície tranqüila da água (…) revela como ele se vê e como olha o mundo’.
Assim pensava Iberê para quem também o retrato, e a pintura em geral, era uma das maneiras do homem reter o tempo. A locomotiva alude à viagem, imagem que Camargo utilizava para referir-se a seu processo criativo.”

HERRERA, María José. Iberê Camargo: um ensaio visual. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009. p. 14-15.

 

“Iberê encontrou no metal a matéria resistente o suficiente para a realização de sua ação plástica. Gostava da ponta-seca, forma mais direta de gravação, riscando a chapa com uma ponta de aço. As linhas resultantes da fricção de metal sobre metal registravam a intensidade de seu gesto. Sobre essa técnica, fez questão de destacar a importância das rebarbas nas bordas do traço: ‘São nelas que a tinta de impressão se agarra e delas depende a força da linha gravada’. O artista parecia gostar dessa identificação entre resíduo material, memória gestual e forma. […]”

SIQUEIRA, Vera Beatriz. Cálculo da expressão: Oswaldo Goeldi, Lasar Segall e Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2010. p. 21.