Natureza-morta 6, 1953/1954
água-forte e água-tinta
15,9 x 21,8 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo G047-1
Foto © Rômulo Fialdini
“[…] As naturezas-mortas que Iberê grava agora compulsivamente remetem a várias possibilidades técnicas da gravura; todas trazem, cada uma a seu modo, a austeridade e a solidão que emanam de seus resultados. Fortes contrastes tonais, o impacto das áreas iluminadas contrapostas à densidade das trevas, o entrecorte de diagonais são alguns dos recursos explorados pelo artista em sua gravura e que ampliam o intenso sentido dramático que delas irradia.
No rico trânsito entre o preto e o branco, essas obras dialogam com sua pintura, não apenas nas provas finais, mas também em seu processo de trabalho. A prova de estado da gravura Natureza-morta 6 é um exemplo: Iberê projeta, por um rápido grafismo em água-forte, a estrutura do todo, tal como em seus óleos. Nestes, o artista também lança, por meio das ágeis e fluidas pinceladas, a ossatura da pintura, posteriormente soterrada por fartas camadas de matéria. Na prova do artista, Iberê expõe trabalho semelhante, pois o adensamento, o controle tonal dos claros e escuros pelo emprego da água-tinta, será desenvolvido em momento conclusivo. A gravura assume, assim, um processo de construção muito próximo ao que ocorre no pictórico. […]”
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 66-67.