Estrutura de carretéis, 1960
água-tinta (processo do açúcar e lavis) e relevo
49,6 x 29,5 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo G080-2
Foto © Fabio Del Re_VivaFoto
“Em […] Estrutura de carretéis os objetos irrompem para fora dos limites da obra, encostam-se nas linhas de demarcação das manchas ou rasgam-se nelas. São gravuras essenciais dentro da produção gravada de Iberê, em especial pela complexidade técnica aprimorada aliada a toda a expressividade. É técnica com cunho pessoal, algo que Iberê considera essencial […].
O modo como esses carretéis movimentam-se no sombrio espaço das manchas, como se desejassem crescer, dilatar-se, tornar-se vastos, até romper qualquer circunscrição, é mediado pelo tratamento aveludado das superfícies gravadas. Como em sua pintura, extrapolam qualquer grafismo, concentram planos sutilmente maculados; alcançam o espaço por superfícies densas de matéria que ondulam sob a luz. Essas gravuras são elaboradas entre as diversas etapas que as estruturam. Ao obscurecer partes, diluir tonalidades com o lavis e abrir esparsos focos de luz, Iberê apresenta gravuras envoltas na mesma ambiência enigmática das suas naturezas-mortas da década precedente. As de agora são, no entanto, pelo esmero de seu aprofundamento técnico, as dos tempos de maturidade, como ele mesmo considera.”
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 89-90.