sem título, c.1941/1942
óleo sobre tela
45,2 x 49 cm
Acervo Fundação Iberê
Tombo P005
Foto © Fundação Iberê
“Na paisagem, nessa época, procurava fixar o instante fugidio. Queria aferrar, captar o mistério que vejo envolver o real. Minha visão era fenomenológica. Trabalhava com paixão, com ímpeto, com emoção incontida, às pressas; terminado o quadro, não o retocava, mesmo que nele descobrisse dissonâncias. Considerava o instante de criação irretocável, sagrado.”
CAMARGO, Iberê; MASSI, Augusto (org.). Gaveta dos guardados: Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2009. p. 126.
“Esses primeiros trabalhos contrastam no ainda rarefeito ambiente artístico do Rio Grande do Sul. Perturbam a concepção da pintura em circulação no meio de arte local. A própria experiência do pintor sobrepõe qualquer influência de cosmopolitismo ou modelos artísticos, pois defende que as obras deveriam partir de sua apreensão particular do mundo, como a de ‘um ardoroso defensor da liberdade e independência do artista’. Seu trabalho interroga desde simples paisagens cotidianas em suportes acanhados a serena ordem das convenções da arte do Sul do país, ainda tão fascinada pelas sedutoras incursões artísticas do impressionismo europeu: ‘Efetivamente, a sociedade gaúcha no início dos anos 40 não tinha condições de absorver o grau de inovação pretendida por poucos […]’, conclui Marilene Pieta.”
ZIELINSKY, Mônica. A inquietude da arte. In: ZIELINSKY, Mônica; DUARTE, Paulo Sergio; SALZSTEIN, Sônia. Moderno no limite. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2008. p. 14.