Pintor e manequim, 1986
óleo sobre tela
132 x 92,8 cm
Acervo Fundação Iberê

Tombo P062

Foto © Fundação Iberê

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“Os retratos de Iberê Camargo se parecem com ele: autorretratos. […] Tal como se parecem também com Iberê muitas outras pessoas pintadas por ele ao longo do tempo, seja nos traços faciais, no porte esguio e longilíneo. Na verdade, Iberê parece literalmente reafirmar Leonardo e Marc Le Bot: todo retrato e um autorretrato.
Retrato que congela o tempo pessoal do autor, mas que se condena a viver o embate de outro tempo: a história da arte. A pintura é um espelho onde o corpo se faz à sua imagem e semelhança. Espelho onde o corpo imaginário se projeta e vive a imobilidade. Iberê refaz em autorretratos. Mas nesse autorretrato não se figura de Narciso. É contingência necessária para o desentranhamento do eu mais profundo.
[…]
Entre o espelho e o simulacro, sua própria imagem passa do retrato ao signo. Corpo, rosto, mão, de frente ou perfil, ou pintor com pincéis. A imagem do que seria de imobilidades torna-se evidência da ação. Pasta, pincelada. Auto do retratado. Dentro de sua pintura, Iberê cria-se à sua própria imagem e semelhança: faz-se em pintor que pinta, faz-se carne em tinta.”

HERKENHOFF, Paulo. Alguns do múltlipo Iberê. In: BERG, Evelyn. Iberê Camargo: coleção contemporânea 1. FUNARTE, Instituto Nacional de Artes Plásticas/ Museu de Arte do Rio Grande do Sul: Rio de Janeiro, 1985. p. 62-63.