Cinema mudo com música ao vivo | “Tramas do entardecer”, de Maya Deren

15.out.18

Na sessão do Cine Iberê deste domingo, 21 de outubro, apresentaremos mais uma edição de cinema mudo com música ao vivo. O filme Tramas do entardecer (1943, 14min, EUA), de Maya Deren, será apresentado em duas sessões, às 16h e às 17h, com música composta e executada por Vagner Cunha.

Tramas do entardecer é um dos filmes experimentais mais importantes da cinematografia mundial. Através desta obra, Maya Deren tornou-se referência do cinema avant-garde dos anos 40-50 inspirando cineastas contemporâneos como David Lynch. Interpretado pela própria realizadora e pelo seu marido, o cineasta Hammid Hackenschmied, também co-realizador do filme.
Uma obra cinemática surrealista onde a câmera não é apenas um meio de registro e narrativa do mundo, é também uma lente pela qual se pode des-condicionar e transfigurar as representações cotidianas do mundo. Interpretado pela própria realizadora e pelo seu marido, o cineasta Hammid Hackenschmied, também co-realizador do filme.

Na trama do filme: uma mulher retorna para casa, dorme e vive situações que podem ser sonhos ou não. Ela explora suas próprias imagens internas – objetos comuns que potencializam um grande mistério.
Convite a uma experiência que não busca interpretação ou o significado, busca ideias e pensamentos através de imagens e jogos mentais. Conforme disse a realizadora, sua intenção era de expressar em filme o sentimento experimentado a partir de um incidente e não o registro preciso de um incidente.

Maya Deren (Ucrânia,1917- USA, 1961) nasceu em Kiev, Ucrânia. Em 1922, sua família migra para os Estados Unidos. Protagonista da vanguarda dos anos 40-50, é considerada a mãe do cinema underground norte-americano. Estudou jornalismo e literatura. Dedicou-se à poesia, dança, coreografia, fotografia e cinema. Também foi uma teórica de cinema. Seus filmes expressam sua prática literária, entre o surrealismo e documentário. Além de Tramas do entardecer (Meshes of the Afternoon, 1943), realizou outros curtas, entre eles: At Land (1944), A Study for Choreography for Camera (1945), Ritual in Transfigured Time (1945-46), Meditation on Violence (1947) e The Very Eye of Night (1958). Um projeto seu inacabado foi um filme com o artista Marcel Duchamp, intitulado Witches Cradle (1943).

Vagner Cunha é compositor, arranjador e multi-instrumentista, atua nos mais diversos estilos na cena musical contemporânea. Mestre e bacharel em música pela UFRGS. Várias orquestras e grupos de câmara brasileiros estrearam suas composições, entre elas destacam-se o Concerto Para Violino No 1, o Concerto para Piano e Orquestra Sinfônica, Ballet Mahavidyas – executado e gravado pela Orquestra de Câmara Teatro São Pedro e coreografado por Carlota Albuquerque, o Concerto para Viola e Orquestra – encomendado em 2012 pela OSESP e estreado no mesmo ano na Sala São Paulo, além de diversas composições orquestrais premiadas pela Bienal de Música do Rio de Janeiro como Aleph – estreada pela Orquestra Petrobras naquela cidade. Vagner também compôs trilhas musicais para dezenas de filmes e projetos audiovisuais, além de músicas orquestrais didáticas, dedicadas à formação de jovens instrumentistas. Sua obra autoral está em discos Mahavidyas (2008), Além (2012), Variações São Petersburgo (2016), Vagner Cunha convida Guinga (2017), Los Orientales (2017), Concerto para Violão de 7 cordas e orquestra com Yamandu Costa (2017), além de dois discos dedicados a poemas de Antonio Meneghetti, interpretados pela Camerata Ontoarte e Carla Maffioletti (2015 e 2017). Recebeu sete vezes o Prêmio Açorianos e, em 2011, o Prêmio FUNARTE de Composição. Atualmente é diretor musical da Camerata Ontorte Recanto Maestro – para a qual compõe regularmente em diversas formações camerísticas – e dedica-se às apresentações da Ópera O Quatrilho, composição de sua autoria, com libreto de José Clemente Pozenato.
Recentemente foi indicado ao Grammy Latino, a cerimônia de premiação será realizada em novembro.

Tramas do entardecer integra o programa Silêncio em Movimento – cinema mudo com música ao vivo, atividade cinematográfica paralela às exposições Subversão da Forma e Iberê Camargo: formas em movimento, e tem curadoria de Marta Biavaschi.

Entrada gratuita (por ordem de chegada)

Agradecimentos especiais: Vagner Cunha

Classificação indicativa: Livre