Seminário Em Torno de Álvaro Siza | João Laia
No ano em que a Fundação Iberê Camargo completa 10 anos em sua nova sede – projetada pelo arquiteto português Álvaro Siza, a qual lhe rendeu o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2002 -, uma série de programações especiais vem sendo desenvolvidas com o propósito de investigar a obra deste que é um dos mais aclamados nomes da arquitetura contemporânea. Neste sentido, o Seminário Em Torno de Álvaro Siza busca não apenas jogar luz sobre sua obra, como também investigar as relações entre arquitetura e arte, dando início a um ciclo de ações que tomam aquela disciplina como braço fundamental do novo programa desenvolvido pela instituição desde seu reposicionamento no início de 2017.
No dia 20/10, às 17h, o segundo encontro do Seminário recebe o escritor e curador português João Laia. Na fala A exposição como uma interface, João abordará a arte como um espaço onde as dinâmicas sociais podem ser examinadas, enquadrando a curadoria como ferramenta de comunicação especulativa, a qual emprega a instituição como fórum de debate e pesquisa. Também propõem-se que a concepção de exposições apresenta-se como uma prática discursiva verbal e não-verbal, apropriando-se de uma gramática construída a partir da contaminação cruzada entre obra de arte e espaço físico.
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João Laia (1981, Lisboa) é um escritor e curador com formação em ciências sociais, estudos cinematográficos e arte contemporânea. Seus projetos exploram as relações entre filosofia, representação, sociedade e tecnologia. As exposições recentes de João Laia incluem 10000 Years Later Between Venus and Mars (2017-18), Galeria Municipal do Porto; Transmissions from the Etherspace (2017), La Casa Encendida, Madrid; H Y P E R C O N N E C T E D (2016) no MMOMA – Moscow Museum of Modern Art; o projeto estratégico da V International Biennial of Young Art e Hybridize or Disappear (2015) no MNAC – National Museum of Contemporary Art in Lisbon.
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O Seminário Em Torno de Álvaro Siza reúne arquitetos, pesquisadores e curadores para aprofundar o debate sobre Siza e os mais que profícuos laços entre arquitetura e arte, especulando sobre a própria natureza das instituições culturais – convertidas em verdadeiros templos dos séculos XX e XXI -, bem como sobre a importância do espaço físico enquanto esfera essencial à criação de artistas e curadores contemporâneos.
Se, no passado, arte e arquitetura constituíram disciplinas estruturantes de um mesmo programa de estudos – as Belas Artes -, desde o Modernismo, em princípios do século XX, ambas as matérias vêm alimentando o inesgotável debate acerca das questões que perpassam o design (e portanto a própria ideia de funcionalidade) e a imbricada relação simbólica, ideológica e política a conformar a cultura, a geografia e o espaço urbano, afetando assim nosso entendimento dos papéis desempenhados pela arquitetura ou mesmo pela arte.
Práticas artísticas como a fotografia, a escultura, a instalação, a performance, a dança, o ativismo e a própria arquitetura e o planejamento urbano impactam profundamente as tramas simbólicas, o tecido social e as feições das cidades e do mundo tal qual se nos apresentam na contemporaneidade, constituindo, assim, um terreno fértil para conversas acerca das estruturas, visíveis ou invisíveis, a engendrar a produção cultural, quer do ponto de vista material ou mesmo imaterial.
Imagem: 10000 Years Later Between Venus and Mars (2017-18), Galeria Municipal do Porto ⓒ Foto Dinis Santos.