Seminário Perversão da Forma | Ana Vaz

12.nov.18

Como parte dos programas públicos da exposição Subversão da Forma, o Seminário Perversão da Forma reúne artistas, curadores e cientistas para debater a plasticidade do horizonte estético, político e científico que se desenha a partir de um futuro incerto, o qual ganha contornos apocalípticos e distópico diante das transformações velozes experimentadas na contemporaneidade.

Entre o real e virtual, o natural e artificial, descortina-se um mundo híbrido, resultado da alteração de nossas perspectivas filosóficas em face ao avanço da ciência e da tecnologia.

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No dia 15 de novembro, às 17h, a primeira convidada é a artista Ana Vaz, que apresentará uma sessão de filmes de sua autoria: Occidente (2014), Há Terra! (2016), Olhe bem as montanhas / Look closely at the mountains (2018) e Atomic Garden (2018).

Em seu ensaio “A Promessa dos Monstros”, a filósofa Donna Haraway propõe: “instrumentos óticos são transformadores de sujeitos”. O cinema, à partir da sua intrínseca capacidade de aliar tecnologia e corpo, retina e focal, nos permite essa transformação de sujeitos — objetividades tornam-se subjetividades, subjetividades tornam-se perspectivas. Assim sendo, a fronteira limítrofe entre aquilo que diz “natureza” e aquilo que grita “cultura!”, aquilo que se quer “humano” e que é enfim “extra-humano”, a “coisa” e o “ser”, tornam-se curvas, tênues, indistinguíveis. A sessão “Filmar às escuras” apresenta uma constelação de filmes realizados entre 2014 e 2018 que questionam a centralidade da visão, como o sentido-rei da nossa compreensão do mundo, e buscam parcializar aquilo que vemos através de incorporações, abstrações ou falas-acústicas que articulam a ecoar. Aqui o título do filme Olhe bem as montanhas (2018), poderia devir um Ouça bem as montanhas, já que a prosa destes filmes-poemas é tão sussurrada quanto vista, tão acústica quanto visual. Os filmes parecem se perguntar, quem olha o mundo? E os filmes suspiram: todos nós, todas as coisas, tudo.

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Ana Vaz (1986, Brasília) é cineasta cujos filmes e seus múltiplos desdobramentos nos campos da instalação, performance, programação ou publicações buscam aprofundar as relações entre percepção e linguagem, o eu e o outro, o mito e o documento à partir de uma cosmologia de perspectivas. Mostras recentes do seu trabalham incluem o TATE Modern (Londres), Palais de Tokyo (Paris), Jeu de Paume (Paris), TABAKALERA (San Sebastian), Videobrasil (São Paulo), New York Film Festival, LUX Moving Images (Londres) e Cinéma du Réel (Paris), assim como em seminários como o Flaherty Seminar (Estados Unidos) e Doc’s Kingdom (Portugal). Em 2015, foi premiada o Kazuko Trust Award concedido pela Film Society do Lincoln Center em reconhecimento à inovação em sua obra cinematográfica.