Xadalu abre Residência Artística da Fundação Iberê

02.abr.19

De 8 a 15 de abril, a Fundação Iberê recebe o artista visual Xadalu para uma Residência Artística no Ateliê de Gravura. Neste período, ele experimentará a técnica da gravura em metal, tendo como tema a mitologia Guarani Mbya. Excepcionalmente no dia 13 (sábado), das 14h às 17h, o Ateliê abrirá suas portas para que o público possa acompanhar a produção do artista. A atividade é gratuita e as inscrições devem ser feitas clicando aqui.

Prêmio Açorianos de Artes Visuais 2019 – Destaque em Exposição Individual, Xadalu tem uma profunda relação com a arte e a cultura indígenas no Rio Grande do Sul, e seu envolvimento com a causa Mbya-guarani traz luz para a questão do resgate e continuidade da cultura indígena no Estado.

Olhar às etnias
Na infância, Dione Martins (Xadalu) e um amigo imaginaram criar a empresa que leva o nome dos artista. O sonho foi realizado logo nas primeiras intervenções nas ruas, com o indiozinho que colava pelas paredes. Embora seja trineto de guaranis e filho de negra, Xadalu não reivindica a identidade indígena, mas, por meio de sua arte, quer dar visibilidade às etnias. “Sou mestiço e não fico à espera por mudanças na sociedade, potencializo minha arte para agir na escala individual”, explica.

Em 1996, Maria Catarina e Dalva, mãe e vó de Xadalu, deixaram Alegrete para tentar uma nova vida em Porto Alegre. Até 1999, ele e a mãe juntavam latinhas para sobrevivência. Depois foi gari, até que em 2003 criou uma oficina de serigrafia na Vila Funil, onde morava.

O personagem Xadalu surgiu pela primeira vez em 2004, como uma forma de manifestação artística, trazendo luz ao tema da destruição da cultura indígena, abordando essa e outras causas sociais e ambientais. Hoje, o indiozinho está presente em mais de 60 países, nos quatro continentes, fazendo parte de um cenário mundial da arte urbana contemporânea, participando de exposições e diversos festivais de arte, com obras em acervos de museus do Rio Grande do Sul, sempre com foco na informação e conscientização dos temas abordados.
Dione tem fortalecido sua relação com comunidades indígenas do Estado, sempre buscando formas de contribuição e apoio aos moradores das aldeias. Da mesma forma o artista está atento às demandas dos bairros periféricos, ministrando cursos e oficinas em escolas e comunidades.

O Ateliê de Gravuras da Fundação Iberê tem patrocínio da CMPC.

Imagem: Divulgação @ Foto Thiago Bortoloni