Itinerância | Iberê Camargo – O Fio de Ariadne

Curadoria

Denise Mattar e Gustavo Possamai

24.abr

18.jul.21

A mostra, que esteve em cartaz na Fundação Iberê, segue para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Durante as décadas de 1960 e 1980, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria. Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista, que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato. Pelas mãos das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck Iberê realizou, nos anos 1960, um conjunto de pinturas em porcelana, com resultados surpreendentes. Na década seguinte selecionou um conjunto de cartões, que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias. Muito presentes na arquitetura da época essas grandes tapeçarias eram chamadas por Le Corbusier de “murais nômades”.

Há algum tempo a Fundação Iberê vinha estudando essa faceta da produção do artista e a conjuntura feminina que permeou a produção dessas tapeçarias e cerâmicas. Convidada pela Fundação a desenvolver esse projeto a curadora Denise Mattar, juntamente com Gustavo Possamai, responsável pelo Acervo, expandiu essa percepção inicial, revelando o fio de Ariadne: a urdidura feminina que apoiou o trabalho de Iberê Camargo ao longo de sua história.

Segundo a lenda grega, Teseu foi desafiado a matar o Minotauro, que vivia no Labirinto de Creta do qual era impossível escapar. Ariadne, filha do Rei Minos, resolve ajudar o herói e lhe entrega um novelo de lã, tecido por ela, instruindo-o a desenrolá-lo à medida que adentrasse o labirinto. Assim, depois de matar o monstro, o fio de Ariadne foi o guia que levou Teseu à saída. O mito de Ariadne, que tem inúmeras interpretações filosóficas e psicológicas, mostra também como o apoio de uma mulher pode levar o herói à vitória.

A exposição reune 36 cerâmicas, 8 tapeçarias de grandes dimensões e seus cartões pintados por Iberê, além de gravuras. É complementada por uma cronologia ilustrada reunindo fotos e depoimentos de algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê. Entre elas: sua esposa Maria Coussirat Camargo, a artista Djanira, as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, as artistas Maria Tomaselli e Regina Silveira, a tapeceira Maria Angela Magalhães, a gravadora Anna Letycia, a escritora Clarice Lispector, as gravadoras Anico Herskovits e Marta Loguercio, a galerista Tina Zappoli, a produtora cultural Evelyn Ioschpe, a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Fernanda Montenegro.

Na montagem, agora realizada no Instituto Tomie Ohtake, será incluído o filme Dédale, do artista e diretor francês Pierre Coulibeuf. A obra, que integra o acervo da Fundação Iberê, foi produzida em 2009 a partir de filme 35mm, inspirada no universo artístico e criativo de Iberê Camargo e realizada através de um projeto curatorial de Gaudêncio Fidelis. Comissionada pela Fundação Iberê, Dédale é uma construção circular e descentrada, na qual o prédio representa uma mise en abyme, uma reflexão infinita para dentro de si mesma, e levará para o espaço expositivo de São Paulo a presença marcante do labirinto, na visão asfixiante, contundente e poética de Coulibeuf.

Veja um preview das obras da exposição clicando aqui.

Ouça um podcast sobre o processo de criação da mostra clicando aqui.

Nota: Prevista para dia 13 de março de 2021, a abertura da exposição no Instituto Tomie Ohtake foi adiada em colaboração às medidas de controle da propagação do novo Coronavírus (Covid-19).

Para informações e orientações para visitação, visite o site do Instituto clicando aqui.

A mostra esteve em cartaz na Fundação Iberê, em Porto Alegre, de 19 de setembro de 2020 a 28 de fevereiro de 2021.

 

Imagem: Iberê Camargo em frente a uma de suas tapeçarias, na abertura de exposição na Galeria Tina Presser, Porto Alegre, 1983. Foto © Martin Streibel

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