Seminário

Artistas, acadêmicos, intelectuais e ativistas participam de programas continuados de investigação, atualização e debate quanto aos mais relevantes temas da contemporaneidade, passando pela reflexão sobre temas contemporâneos ou históricos que seguem se impondo à pauta cultural da atualidade.

16.fev-16.fev.19
16:00-17:00
Seminário

Você conhece as histórias de carnaval de Porto Alegre?

No dia 16 de fevereiro, Thiago Pirajira e Iris Germano, irão contar sobre suas histórias, pesquisas e percursos no carnaval da capital gaúcha. A conversa abordará a participação dos negros no carnaval e da importância deste para a consolidação de seus espaços na cidade.

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19.jan-19.jan.19
16:00-17:00
Seminário

O que acontece com um trabalho acometido por um desastre climático? Qual a natureza de uma obra de arte que se transforma, reconfigura e protagoniza os eventos que a danificaram?

No sábado, 19 de janeiro, te convidamos a mergulhar nas mutações da obra de Denise Gadelha que participam da exposição Náufragos na Correnteza do Tempo. A artista estará presente para uma conversa com o público, revelando os bastidores do processo de trabalho em diálogo com a dinâmica de montagem.

A atividade é gratuita, com inscrições no local.

Sobre a Artista:

Denise Gadelha nasceu em 1980, Belém, PA. Gaúcha de criação, vive e trabalha em São Paulo. É mestre em Poéticas Visuais pelo PPGAVI da UFRGS. Em 2017 participou das mostras Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca (Pina_SP), O que a Imagem Não Revela (ISLA, São Paulo) e De Rerum Natura (Camera F. Lugano, Suíça). Organizou a mostra PHOTO-PAGED (Centre de la Photographie Genève, Suíça), TransNaturae (MIA-Photo Fair, Milão, Itália), os eventos Livrotecagem + Escambo (Galeria Vermelho, SP). Dentre as exposições anteriores destaca-se a Bienal de Fotografia de Lima com a individual DúO na Galeria El Ojo Ajeno, Peru, 2014; Meta-espaço, na Funarte São Paulo, 2010; A Ideia de História na Bolsa de Arte de Porto Alegre, 2008; Observatório, no Torreão, em POA, 2006 e Condensável, na Galeria Lunara, Usina do Gasômetro, POA, 2001. Entre as principais coletivas sobressaem Geração 00: a Nova Fotografia Brasileira, Sesc Belenzinho, São Paulo, 2011; Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros, Itaú Cultural, São Paulo, 2010; Coleção MAM-BA, 50 Anos de Arte Brasileira, Salvador, 2009, Grandes Formatos, MAM-RJ, Rio de Janeiro, 2008; Paradoxos – Rumos Itaú Cultural 2006-7, em várias cidades.

 

Imagem: Vista parcial da exposição “Náufragos na Correnteza do Tempo”, em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 08 de dezembro de 2018 a 03 de março de 2019. Foto © Denise Gadelha

26.jan-26.jan.19
16:00-17:00
Seminário

O projeto Através de Iberê tem como ponto de partida o convite a um curador/crítico/artista/amigo de Iberê Camargo para que eleja uma obra do acervo da Fundação e a explore discursiva ou performaticamente diante do público.

Durante a fala do convidado, a obra ficará exposta no auditório e, mais do que uma análise histórica, serão propostas questões envolvendo a vida e a obra do artista, em uma abordagem livre e exploratória nos mais diversos sentidos plásticos, narrativos ou mesmo históricos.

No sábado 26/01, às 16h, o convidado é o pesquisador, curador e crítico de arte Francisco Dalcol, que abordará a obra Desdobramento (1978), acompanhado do artista Frantz, que apresentará um trabalho desenvolvido a partir de reproduções de obras de Iberê.

 

Carretéis: motivo e obsessão — uma leitura crítica e uma intervenção artística

Quando Iberê Camargo (1914-1994) introduziu os famosos carretéis em suas pinturas e gravuras, o artista não apenas resgatou uma memória da própria infância como motivo, como também deu início a um embate com este objeto que se estenderia por quase 30 anos.

Os carretéis aparecem nos anos 1950, primeiramente equilibrando-se sobre as mesas de suas naturezas-mortas; a seguir passando a se movimentar no espaço para logo explodirem em abstração; até, por fim, retomarem certa ordem, prenunciando a fase dos anos 1980 em que Iberê reencontraria a figuração de viés expressionista com que encaminhou a etapa final de sua obra.

Nessa trajetória de sua obra, Iberê gerou diferentes interpretações. Por vezes, foi considerado abstrato informal; noutras, abstrato geométrico — categorizações todas que refutava —; e, finalmente, um artista que expressava a memória e o drama da existência.

Ao eleger a pintura Desdobramento (1978) como um ponto de partida e chegada para se observar as passagens e os encaminhamentos que os carretéis emprestam à produção de Iberê, Francisco Dalcol explora a presença e a recorrência deste objeto pensando-o como motivo de obsessão pelo artista. Obsessão no sentido de um embate que se move ao mesmo tempo entre o formal e o conceitual, o subjetivo e o universal, o singular e o absoluto.

Acompanhando essa análise e reflexão, o artista Frantz apresenta um trabalho que opera como um gesto de desconstrução da inteligibilidade argumentativa em que se assenta o discurso crítico e historiográfico. Em sua proposição, o artista se apropria de reproduções de obras de Iberê a partir de um catálogo de uma exposição dedicada aos carretéis na Fundação Iberê Camargo.

O trabalho integra o projeto “Roubadas”, no qual Frantz intervém nos discursos visuais e textuais contidos nas publicações artísticas, manipulando e editando as imagens e os textos que encontra ao longo das páginas. Mais do que o embaralhamento e o apagamento das autorias, essa operação de apropriar-e-intervir dá a ver sempre uma obra outra, embora ao mesmo tempo impossível de ser desvinculada por completo de seu referente anterior. São também desdobramentos, porque efeito de algum tipo de ação e intervenção, o que nos mostra que a realidade é sempre uma construção a ser mediada, e a arte a operação que se ocupa de intervir nesse real construído.

A OBRA
“Desdobramento” (1978)
Óleo sobre tela
100 x 141 cm

FRANCISCO DALCOL
Pesquisador, crítico, curador, editor e jornalista. Vive e trabalha desde Porto Alegre (RS). Doutor em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com estágio de doutoramento no exterior pela Universidade Nova de Lisboa (UNL). Também mestre em História, Teoria e Crítica de Arte, sua dissertação é resultado de um estudo sobre a institucionalização de Iberê Camargo a partir do programa curatorial e de exposições da Fundação Iberê Camargo. É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Em 2017 e 2018, integrou o Júri de Indicação do Prêmio PIPA. Em 2016, ganhou a 1ª menção honorífica no Incentive Prize for Young Critics, concedido pela AICA. Entre 2012 e 2016, foi editor e crítico de arte do jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS). Entre suas curadorias, tem trabalhado com artistas contemporâneos atuantes em Porto Alegre e desenvolvido projetos de exposições individuais e coletivas em galerias, instituições e museus.

FRANTZ
Vive e desenvolve seu trabalho artístico em Porto Alegre, com ênfase napesquisa em pintura e suas reverberações em proposições conceituais. Suaprática artística é marcada pela apropriação de resquícios e elementos residuais, que são incorporados à sua poética,tornando-se a própria pintura. Os trabalhos dessa produção são realizados em formatos diversos,desdobrando-se emobjetos, livros, instalações e mesmo quadros bidimensionais. Em sua trajetória iniciada nos anos 1980, já apresentou diversas individuais e participou de dezenas de exposições coletivas. Em 2018, foram as mostras coletivas O tempo das coisas – módulo 2, na Pinacoteca Ruben Berta de Porto Alegre; O lugar enquanto espaço, na Galeria Baró, em São Paulo; ambas com curadoria de Francisco Dalcol; , na Fundação Vera Chaves Barcelos, em Viamão; e Torus, na Galeria Mamute, em Porto Alegre, estas duas com curadoria do duo ÍO.

08.dez-08.dez.18
15:00-16:00
Seminário

No dia da abertura da exposição Náufragos na Correnteza do Tempo, acontecerá uma visita mediada, com a artista Denise Gadelha. A entrada é franca, sem necessidade de inscrição prévia.

Em cartaz de 08/12/18 a 10/03/19, a exposição parte de um acidente sofrido pela artista – que perdeu suas obras em um vazamento de água devastador em seu apartamento. Entendendo que a degradação faz parte do processo de crescimento, Denise transmuta o caráter trágico do acidente ao encarar as perdas com otimismo e construir novos trabalhos a partir do que restou. As obras abordam a transformação física de imagens que sofreram desgaste pela ação da água, variação de temperatura e proliferação de mofo. A passagem do tempo sobre a matéria, mesmo aquela destinada ao registro da memória – como no caso da fotografia – é o tema desta exposição.

Apenas duas obras originais que sobreviveram ao acidente compõem a mostra. Os demais projetos, de caráter instalativo, foram na maioria especialmente concebidos para o espaço da Fundação. A exceção é a obra Espaço-tempo permeável que foi comissionada para a exposição Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca, em 2017. Apesar de ter sido incorporada ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, será apresentada na Fundação em uma nova montagem.

15.nov-15.nov.18
17:00-18:00
Seminário

Como parte dos programas públicos da exposição Subversão da Forma, o Seminário Perversão da Forma reúne artistas, curadores e cientistas para debater a plasticidade do horizonte estético, político e científico que se desenha a partir de um futuro incerto, o qual ganha contornos apocalípticos e distópico diante das transformações velozes experimentadas na contemporaneidade.

Entre o real e virtual, o natural e artificial, descortina-se um mundo híbrido, resultado da alteração de nossas perspectivas filosóficas em face ao avanço da ciência e da tecnologia.

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No dia 15 de novembro, às 17h, a primeira convidada é a artista Ana Vaz, que apresentará uma sessão de filmes de sua autoria: Occidente (2014), Há Terra! (2016), Olhe bem as montanhas / Look closely at the mountains (2018) e Atomic Garden (2018).

Em seu ensaio “A Promessa dos Monstros”, a filósofa Donna Haraway propõe: “instrumentos óticos são transformadores de sujeitos”. O cinema, à partir da sua intrínseca capacidade de aliar tecnologia e corpo, retina e focal, nos permite essa transformação de sujeitos — objetividades tornam-se subjetividades, subjetividades tornam-se perspectivas. Assim sendo, a fronteira limítrofe entre aquilo que diz “natureza” e aquilo que grita “cultura!”, aquilo que se quer “humano” e que é enfim “extra-humano”, a “coisa” e o “ser”, tornam-se curvas, tênues, indistinguíveis. A sessão “Filmar às escuras” apresenta uma constelação de filmes realizados entre 2014 e 2018 que questionam a centralidade da visão, como o sentido-rei da nossa compreensão do mundo, e buscam parcializar aquilo que vemos através de incorporações, abstrações ou falas-acústicas que articulam a ecoar. Aqui o título do filme Olhe bem as montanhas (2018), poderia devir um Ouça bem as montanhas, já que a prosa destes filmes-poemas é tão sussurrada quanto vista, tão acústica quanto visual. Os filmes parecem se perguntar, quem olha o mundo? E os filmes suspiram: todos nós, todas as coisas, tudo.

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Ana Vaz (1986, Brasília) é cineasta cujos filmes e seus múltiplos desdobramentos nos campos da instalação, performance, programação ou publicações buscam aprofundar as relações entre percepção e linguagem, o eu e o outro, o mito e o documento à partir de uma cosmologia de perspectivas. Mostras recentes do seu trabalham incluem o TATE Modern (Londres), Palais de Tokyo (Paris), Jeu de Paume (Paris), TABAKALERA (San Sebastian), Videobrasil (São Paulo), New York Film Festival, LUX Moving Images (Londres) e Cinéma du Réel (Paris), assim como em seminários como o Flaherty Seminar (Estados Unidos) e Doc’s Kingdom (Portugal). Em 2015, foi premiada o Kazuko Trust Award concedido pela Film Society do Lincoln Center em reconhecimento à inovação em sua obra cinematográfica.

20.out-20.out.18
17:00-19:00
Seminário

No ano em que a Fundação Iberê Camargo completa 10 anos em sua nova sede – projetada pelo arquiteto português Álvaro Siza, a qual lhe rendeu o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2002 -, uma série de programações especiais vem sendo desenvolvidas com o propósito de investigar a obra deste que é um dos mais aclamados nomes da arquitetura contemporânea. Neste sentido, o Seminário Em Torno de Álvaro Siza busca não apenas jogar luz sobre sua obra, como também investigar as relações entre arquitetura e arte, dando início a um ciclo de ações que tomam aquela disciplina como braço fundamental do novo programa desenvolvido pela instituição desde seu reposicionamento no início de 2017.

No dia 20/10, às 17h, o segundo encontro do Seminário recebe o escritor e curador português João Laia. Na fala A exposição como uma interface, João abordará a arte como um espaço onde as dinâmicas sociais podem ser examinadas, enquadrando a curadoria como ferramenta de comunicação especulativa, a qual emprega a instituição como fórum de debate e pesquisa. Também propõem-se que a concepção de exposições apresenta-se como uma prática discursiva verbal e não-verbal, apropriando-se de uma gramática construída a partir da contaminação cruzada entre obra de arte e espaço físico.

Inscreva-se aqui!

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João Laia (1981, Lisboa) é um escritor e curador com formação em ciências sociais, estudos cinematográficos e arte contemporânea. Seus projetos exploram as relações entre filosofia, representação, sociedade e tecnologia. As exposições recentes de João Laia incluem 10000 Years Later Between Venus and Mars (2017-18), Galeria Municipal do Porto; Transmissions from the Etherspace (2017), La Casa Encendida, Madrid; H Y P E R C O N N E C T E D (2016) no MMOMA – Moscow Museum of Modern Art; o projeto estratégico da V International Biennial of Young Art e Hybridize or Disappear (2015) no MNAC – National Museum of Contemporary Art in Lisbon.

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O Seminário Em Torno de Álvaro Siza reúne arquitetos, pesquisadores e curadores para aprofundar o debate sobre Siza e os mais que profícuos laços entre arquitetura e arte, especulando sobre a própria natureza das instituições culturais – convertidas em verdadeiros templos dos séculos XX e XXI -, bem como sobre a importância do espaço físico enquanto esfera essencial à criação de artistas e curadores contemporâneos.

Se, no passado, arte e arquitetura constituíram disciplinas estruturantes de um mesmo programa de estudos – as Belas Artes -, desde o Modernismo, em princípios do século XX, ambas as matérias vêm alimentando o inesgotável debate acerca das questões que perpassam o design (e portanto a própria ideia de funcionalidade) e a imbricada relação simbólica, ideológica e política a conformar a cultura, a geografia e o espaço urbano, afetando assim nosso entendimento dos papéis desempenhados pela arquitetura ou mesmo pela arte.

Práticas artísticas como a fotografia, a escultura, a instalação, a performance, a dança, o ativismo e a própria arquitetura e o planejamento urbano impactam profundamente as tramas simbólicas, o tecido social e as feições das cidades e do mundo tal qual se nos apresentam na contemporaneidade, constituindo, assim, um terreno fértil para conversas acerca das estruturas, visíveis ou invisíveis, a engendrar a produção cultural, quer do ponto de vista material ou mesmo imaterial.

 

Imagem: 10000 Years Later Between Venus and Mars (2017-18), Galeria Municipal do Porto ⓒ Foto Dinis Santos.